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Globo apaga novela de Fábio Jr. considerada maior fiasco da história

Memória/Globo

Fábio Jr., Aracy Cardoso, Nelson Dantas e Ney Sant'anna em cena da novela O Amor É Nosso - Memória/Globo

Fábio Jr., Aracy Cardoso, Nelson Dantas e Ney Sant'anna em cena da novela O Amor É Nosso

THELL DE CASTRO

Publicado em 27/6/2014 - 21h17
Atualizado em 29/6/2014 - 7h59

RESUMO: Estrelada por Fábio Jr. e Myrian Rios, O Amor É Nosso é considerado o maior fiasco da história das novelas da Globo e foi propositalmente apagada dos arquivos da emissora. A trama, de 1981, teve os autores afastados. A participação de nomes de peso para a época, como a cantora de rádio Marlene e Roberto Carlos, não foram capazes de entusiasmar o público

Se tem uma novela que a Globo faz questão de esquecer é O Amor É Nosso. Considerada a mais problemática trama já exibida pela emissora, estreou em 27 de abril de 1981, às 19h. Basicamente, contava a história do jovem cantor Pedro, interpretado por Fábio Jr., em busca do sucesso e do reconhecimento da crítica. O desastre artístico foi tão grande que a cúpula da emissora à época mandou apagar todos os capítulos.

Escrita pelo psiquiatra Roberto Freire e por Wilson Aguiar Filho, propunha-se a abordar as reais aspirações e dúvidas do jovem, sem vê-lo apenas como um potencial consumidor, além de trazer à tona novos conceitos sobre a Igreja Católica, por meio do revolucionário padre Leonardo (Stênio Garcia).

Apesar de contar com nomes como Tônia Carrero, Buza Ferraz, Stepan Nercessian, Milton Moraes, entre outros, não deu certo. O público não entendeu a história, que misturava elementos policiais com romances e confusões típicas dos jovens. A trama tinha ainda excesso de personagens –algo como visto recentemente em Salve Jorge (Globo), folhetim no qual muita gente não tinha função.

Exatamente na metade da novela, em uma situação emergencial, Walter Negrão assumiu o lugar dos autores originais. Cogitou-se, na época, que seria usada a mesma técnica de Janete Clair em Anastácia, a Mulher Sem Destino, de 1967: uma tragédia levaria boa parte do elenco, que seria renovado a partir de uma nova história.


Em Amor É Nosso, o ator Stênio Garcia viveu o revolucionário padre Leonardo

Um acidente de ônibus faria com que diversos personagens fossem eliminados. Mas o “ônibus da morte”, como ficou conhecido, não foi necessário. “Como peguei a novela exatamente na metade, achei melhor encerrar algumas tramas propostas pelos outros autores para poder desenvolver a minha. Assim, todos os personagens ligados ao lado policial da novela vão desaparecer, porque pretendo destacar o lado romântico da história. Mas não haverá o ônibus da morte”, disse Walther Negrão, em entrevista à Folha de S.Paulo de 30 de julho de 1981.

A chegada do experiente novelista melhorou a fluidez do folhetim, mas já não havia muito o que fazer. Como a Globo dominava praticamente toda a audiência e não existiam opções como TV por assinatura e internet, a emissora nem sofreu abalo nos índices, mas, para o famoso padrão Globo de qualidade, mais forte do que nunca naquela época, um fiasco como aquele era difícil de ser tolerado.

Participações especiais

O jovem ator Fernando Ramos da Silva (1967-1987), que havia vivido Pixote no cinema, também em 1981, esteve no elenco da novela como Pingo. Marlene (1922-2014), estrela da era de ouro do rádio, viveu uma cantora decadente, gerando reclamações de seu fã-clube, ainda forte naquela época.

Para tentar turbinar os índices de audiência, a Globo chamou o cantor Roberto Carlos para fazer uma participação especial. Então casado com Myrian Rios, que vivia Nina, a mocinha da história, o Rei entrou na história como ele mesmo, ensinando Pedro a cantar.

Nada disso foi suficiente para corrigir os rumos da novela. A experiência foi tão traumática que O Amor É Nosso foi apagada, não constando do arquivo da Globo. Restam apenas chamadas de estreia e o clipe da abertura, exibido um dia antes da estreia, no Fantástico.

“Muito difícil fazer um balanço crítico de O Amor É Nosso. Diante de tantas alterações, impossível analisar a obra. Não há obra. A novela acabou descosida, diferente, desossada, embora de certa forma divertida. Mas morrerá sem deixar saudades”, definiu o crítico Artur da Távola (1936-2008), no jornal O Globo de 25 de outubro de 1981, um dia após a exibição do último capítulo da trama. “A novela ficará como essas pessoas que morrem jovens: partem cheias de promessas e esperanças do que poderiam ter sido, se tivessem vindo a ser”, completou.

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