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Memória da TV

Em 1997, Record iniciou produção bíblica com série trash sobre demônio

Reprodução/TV Record/YouTube

Patrícia de Sabrit em cena de A Filha do Demônio, primeira minissérie religiosa da Record - Reprodução/TV Record/YouTube

Patrícia de Sabrit em cena de A Filha do Demônio, primeira minissérie religiosa da Record

THELL DE CASTRO

Publicado em 8/11/2015 - 6h17

A Record, que hoje coleciona feitos inéditos com Os Dez Mandamentos, começou a investir em histórias bíblicas há quase 20 anos. Entre 1997 e 1998, foram exibidas dez atrações de cunho religioso, entre novelas e minisséries, mas longe da repercussão (e da qualidade) que alcança hoje com a saga de Moisés (Guilherme Winter) e sua luta pela libertação dos hebreus. Naquela época, a produção que mais chamou a atenção do público e da crítica foi a trash A Filha do Demônio, que chegou a alcançar cinco pontos no Ibope. As histórias eram baseadas em depoimentos de fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus.

Com direção de Atílio Riccó, A Filha do Demônio inaugurou a "safra". Foi ao ar entre 3 e 7 de março de 1997, às 20h, dentro da faixa Série Verdade. No elenco, tinha Patrícia de Sabrit, João Vitti e Luiz Carlos de Moraes. Sabrit interpretava uma jovem que teve a alma vendida ao Diabo pelo pai.

Texto de Daniel Castro na Folha de S.Paulo de 2 de março daquele ano informava que a própria emissora assumia que a produção era trash: "A minissérie é assumidamente 'mexicana'. Assim como as novelas da Televisa, a produção que marca a volta da Record à teledramaturgia tem atuações carregadas, às vezes grotescas e caricatas, e texto que se sustenta na dicotomia bem versus mal. O esforço pela 'mexicanização' acabou deixando a minissérie mais trash do que os dramalhões da Televisa".

A Filha do Demônio tinha cenas chocantes, mas, ao mesmo tempo, hilariantes: um bebê acordando no berço com seu corpo todo coberto de minhocas e vermes, uma menina matando um cachorro e bebendo seu sangue ("tão aguado que mais parece suco artificial"), ou o diabo bebendo o sangue de uma moça em ritual satânico ("só que a moça, embora esfaqueada no coração, continua respirando").

Na mesma Folha de S. Paulo, três dias depois, Marcelo Rubens Paiva destacou que a minissérie "era tão ruim que era ótima". "Os cenários são escarnecidos, os efeitos especiais, grotescos, os diálogos, impagáveis. A Record descobriu a pólvora. Com suas limitações, não dá para imitar a Globo. Não há recursos para uma produção sofisticada. Resolveu, então, partir para um estilo próprio, escancarado. Está de parabéns. E engole em seco aquele que imaginava que o gênero havia se esgotado", escreveu.

Na sequência, foram produzidas as minisséries Olho da Terra, Por Amor e Ódio, O Desafio de Elias e Alma de Pedra. 

Novelas

Depois das minisséries, vieram as novelas bíblicas. A primeira foi Janela para o Céu, exibida entre 1 e 31 de outubro de 1997. A produção tinha conhecidos nomes no elenco, como Otávio Muller, Mayara Magri, Yara Lins e Lolita Rodrigues.

À revista Contigo de 14 de outubro daquele ano, os autores Paulo Cabral e Lilinha Viveiros declararam que não era obrigatório citar a Universal em todos os capítulos. "A ideia da religiosidade está embutida. A salvação deles sempre acontece de forma cristã, sem especificar a doutrina".

Em novembro de 1997, foi a vez de Velas de Sangue, com Sandra Barsotti, Ewerton de Castro e Adriano Reys. Os capítulos eram exibidos dentro do programa Caminhos da Esperança, às 20h. 

Em dezembro, foi exibida A Sétima Bala, com Roberto Frota, Monique Lafond e Laerte Morrone. Já em janeiro de 1998, Do Fundo do Coração, com Valéria Alencar, Edwin Luisi e Rubens Caribé. Nesta produção, Alexandre Frota atuou como cinegrafista submarino.

A última produção do gênero foi a primeira versão de A História de Ester, exibida entre 14 e 25 de dezembro de 1998, com dez capítulos.

Em 1999, a Record deixou essas tramas de lado e produziu Louca Paixão, remake de 2-5499 Ocupado, primeira novela diária da televisão brasileira. O gênero bíblico foi retomado em 2010, com nova versão de A História de Ester. E com orçamento muito mais abundante.


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