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Memória da TV

Em 1990, briga envolvendo Senna quase tirou Galvão Bueno da Globo

Divulgação/FIA

Ayrton Senna numa McLaren em 1990: Galvão Bueno sentiu as dores do piloto contra Reginaldo Leme - Divulgação/FIA

Ayrton Senna numa McLaren em 1990: Galvão Bueno sentiu as dores do piloto contra Reginaldo Leme

THELL DE CASTRO

Publicado em 15/4/2018 - 8h03

Um desentendimento entre Reginaldo Leme e o piloto Ayrton Senna (1960-1994) quase tirou Galvão Bueno da Globo no final de 1990. O narrador conversou com a Manchete para se tornar diretor de esportes da emissora, mas a empreitada não foi adiante. Galvão deixaria a Globo, por muito pouco tempo, dois anos depois.

No fim de semana do Grande Prêmio do Japão de Fórmula 1 de 1990, disputado no dia 21 de outubro, Senna rompeu relações com Leme, então repórter da emissora. Em participação no programa Arena Sportv em 2014, o jornalista relembrou a confusão.

"Teve um momento crítico em que fui entrevistá-lo e ele tinha tomado uma decisão que eu não sabia, de não me dar mais entrevista. E fui para fazer uma matéria para o Jornal Nacional e ele disse 'Para você eu não falo mais'. Eu disse que ele não estava falando comigo e sim com o público brasileiro e ele disse 'Através de você não falo mais'. Enfim, causou um rompimento que durou o ano de 1991 inteiro", contou Leme.

No dia 13 de novembro de 1990, o Jornal do Brasil anunciou: "O locutor Galvão Bueno, cujas narrações vibrantes das corridas de Fórmula 1 chegam a dar a impressão de que é ele quem está no volante da McLaren de Ayrton Senna, está com um pé fora da TV Globo. E outro na TV Manchete".

Já o jornal O Dia de 25 de novembro de 1990 explicou as intenções de Galvão Bueno. Ele queria se transformar em um novo Luciano do Valle, que já havia trabalhado na Globo e comandava o departamento de esportes da Band desde 1983.

A reportagem indicou que isso só aconteceria depois de março de 1991, quando terminaria o contrato de Galvão com a Globo.

"No momento, o que o locutor mais quer é que a Globo aceite as condições para a renovação de seu contrato, embora já saiba, antecipadamente, que a emissora não adota o esquema de alugar os seus horários para quem quer que seja. Galvão Bueno acha que já é hora de partir para o seu próprio esquema e acredita que tem condições de oferecer bons programas esportivos para outras emissoras", destacou.

Em 30 de novembro, o Jornal do Brasil informou que não se deveria convidar para o mesmo microfone Galvão Bueno e Reginaldo Leme: "Na origem da divergência, está a briga que envolveu, no ano passado, os pilotos Ayrton Senna, amigo de Galvão, e Nelson Piquet, amigo de Leme". O jornal também informava que "o quiproquó pode explicar o iminente desligamento de Galvão Bueno da TV Globo".

O mesmo JB informou, em 13 de dezembro, que os dois deixariam a emissora. Mas isso não aconteceu. Mantendo uma relação puramente profissional na ocasião, ambos continuaram na Globo em 1991.

REPRODUÇÃO

Ayrton Senna, Reginaldo Leme (ao centro) e Galvão Bueno (à direita) nos anos 1980

"Claro que sofri muito com isso, claro que fez com que eu me desligasse do meu companheiro Galvão, mas passou. Eu parei de entrevistar o Senna, a Globo colocou um repórter para trabalhar, para fazer entrevista, e fui até promovido em função disso, passei a ser comentarista", explicou Leme no Sportv.

Galvão troca Globo por novata
Na Folha de S.Paulo de 30 de junho de 1991, Mário Andrada e Silva informou que a Globo estava sendo obrigada a uma série de malabarismos jornalísticos e geográficos para manter acesa a cobertura da Fórmula 1 naquele ano.

"Culpa de Ayrton Senna. O bicampeão mundial não fala com o especialista da emissora, Reginaldo Leme. Problemas pessoais levaram os dois profissionais a um rompimento definitivo", explicou.

"Muitas vezes, o piloto aparece no vídeo entrevistado por um microfone. Uma solução de emergência que a Globo adotou _transformar o locutor Galvão Bueno em repórter_ tende a se tornar definitiva", completou.

Galvão Bueno em foto dos anos 1980 (Memória Globo)

Após um ano tenso em 1991, Galvão deixou a Globo em março de 1992, para se aventurar na novata Rede OM, de José Carlos Martinez (1948-2003).

O narrador, que também assumiu o comando do departamento de esportes do canal, estreou na transmissão exclusiva do jogo entre São Paulo e Criciúma pela Taça Libertadores da América. Luiz Alfredo, Cléber Machado e Oliveira Andrade passaram a se revezar no microfone da Globo.

Já Reginaldo Leme e Ayrton Senna fizeram as pazes em 1992. "Ele me chamou para uma conversa. 'Eu noto que quando veem me entrevistar, você fica meio de lado'. Eu falei, eu fico porque tudo o que você falar para os outros é uma informação para mim. 'Então, por favor, a partir de agora as portas estão abertas. Acabou, passou tudo entre nós"', contou o comentarista na entrevista ao Sportv.

Já a empreitada de Galvão na OM durou poucos meses. Após novas negociações com a Manchete, o narrador acabou voltando para a Globo em março de 1993, onde está até hoje, ainda fazendo dupla com Reginaldo Leme nas transmissões de Fórmula 1.

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THELL DE CASTRO é jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira. Siga no Twitter: @thelldecastro

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