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CRISE

Denúncias de assédio sexual transformam Hollywood com demissões de astros

Fotos: Divulgação

Kevin Spacey (à esq.) em House of Cards e Louis C.K. em Louie: demitidos e excluídos da TV - Fotos: Divulgação

Kevin Spacey (à esq.) em House of Cards e Louis C.K. em Louie: demitidos e excluídos da TV

LUCIANO GUARALDO

Publicado em 22/11/2017 - 5h32

Quase dois meses após a publicação das primeiras denúncias de assédio sexual contra o produtor Harvey Weinstein, Hollywood se transformou: atores premiados como Kevin Spacey e Jeffrey Tambor perderam o emprego (e a reputação), produtores foram afastados de suas séries e o comediante Louis C.K., conhecido por seu senso de humor politicamente incorreto, entrou para a lista de banidos na meca do entretenimento.

C.K., indicado a dois Globos de Ouro e ganhador de seis Emmys, foi um dos poucos acusados de assédio sexual a admitir o ato e pedir desculpas. Ele assumiu que mostrou seu pênis de maneira indesejada para seis mulheres. Apesar da honestidade, Louis está pagando caro: seu filme I Love You, Daddy, que estrearia no último dia 17, teve o lançamento cancelado pela distribuidora.

O comediante também perdeu o posto de produtor executivo de três séries do canal FX: Better Things, Baskets e One Mississippi. Prevista para 2018, a animação The Cops, criada e dublada por ele, teve sua produção suspensa pelo canal TBS _e os desenhistas foram todos demitidos nesta semana. Um especial de comédia para a Netflix também foi cancelado.

Hollywood tem evitado qualquer associação com Louis C.K. e com seus projetos. A HBO anunciou que retirou do HBO Go todos os projetos que envolviam o comediante. Até seu empresário, Dave Becky, que o acompanhava há mais de uma década, deixou de cuidar de sua carreira.

Mas C.K. não é o único astro de Hollywood a ver sua reputação ser destruída com a denúncia de assédio. Kevin Spacey, que até então era um dos atores mais respeitados e premiados dos Estados Unidos, virou persona non grata. Acusado de assediar o ator Anthony Rapp quando ele ainda era menor de idade e de agir de maneira indevida com pelo menos oito pessoas da equipe de House of Cards, Spacey foi demitido da série da Netflix.

O filme Gore, que estava em pós-produção, também foi cancelado pela plataforma de streaming. E ele foi substituído às pressas pelo veterano Christopher Plummer no filme Todo o Dinheiro do Mundo, que estreia em 22 de dezembro.

A Netflix agora tenta resolver o fato de Spacey ser produtor de House of Cards. Mesmo que os roteiristas criem uma nova temporada sem Frank Underwood, personagem vivido pelo ator, ainda seria preciso pagar uma fortuna para que o astro abra mão de seu posto nos bastidores da série.

Os atores Jeffrey Tambor e Ed Westwick e o produtor Mark Schwann também são acusados

Enquanto isso, a concorrente Prime Video, da Amazon, respira aliviada com o anúncio de que Jeffrey Tambor decidiu se afastar de Transparent. Ganhador do Emmy e do Globo de Ouro por seu papel como a transexual Maura Pfefferman, Tambor foi acusado de assediar sua assistente e uma atriz do elenco, ambas trans.

O ator de 73 anos negou as denúncias e disse que é uma pessoa "de temperamento difícil, mas jamais um predador". Apesar disso, preferiu deixar o elenco da série por achar que o clima nos bastidores seria insustentável. Antes mesmo de ele anunciar sua demissão, os roteiristas já trabalhavam em roteiros sem sua personagem.

Tambor, no entanto, está no elenco da próxima temporada de Arrested Development, em produção na Netflix _que ainda não anunciou se ele deixará a série ou o que fará com os episódios já gravados que contam com a participação do ator.

Menos renomado, o inglês Ed Westwick (de Gossip Girl) foi acusado por duas mulheres de agressão sexual. Ele nega, mas a BBC preferiu não se arriscar e cancelou o especial de fim de ano Ordeal by Innocence, baseado na obra de Agatha Christie (1890-1976). A comédia White Gold, estrelada por ele no canal britânico, também teve a produção de sua segunda temporada suspensa enquanto as denúncias são investigadas.

E não é apenas aqueles que ficam na frente das câmeras que estão recebendo suas punições: showrunner de Flash e Supergirl, Andrew Kreisberg foi suspenso das duas séries depois de ser acusado por 19 mulheres de assédio sexual e de tocá-las de maneira inapropriada. Ele nega as acusações e diz que fez comentários sobre as roupas e a aparência das profissionais, mas que eles não eram sexuais.

O produtor Mark Schwann, criador de One Tree Hill (2003-2012) e de The Royals, também é acusado de assédio. Atrizes e roteiristas da primeira série se uniram em uma carta que denunciava a conduta predadora de Schwann. A atriz Alexandra Park, de The Royals, compartilhou o assédio sofrido por ela nas redes sociais na sequência. Ele foi suspenso da produção sobre a família real inglesa, que está em sua quarta temporada no canal E!.

Chris Savino, produtor e roteirista da animação infantil The Loud House, foi demitido pela Nickelodeon depois de ser acusado de assédio por 12 mulheres da equipe. Além de fazer propostas indecentes, Savino foi denunciado por ameaçar demitir as funcionárias que não aceitassem ir para a cama com ele.

George Takei (à esq.), Robert Knepper e Jeremy Piven: mesmo denunciados, seguem na ativa

Eles negam e escapam de punição
Algumas denúncias, porém, não atingiram seus alvos. Atores como Jeremy Piven (de Entourage), Robert Knepper (de Prison Break) e Steven Seagal (de Justiça Implacável) negaram as acusações feitas contra eles e continuam trabalhando. O mesmo para o veterano Dustin Hoffman ou para o ícone gay George Takei (de Jornada nas Estrelas).

O produtor Matthew Weiner, criador da premiada Mad Men (2007-2015), também foi acusado de assediar a roteirista Kater Gordon, que ganhou um Emmy por escrever a série com ele.

O executivo nega a denúncia, mas Kater recebeu o apoio da produtora Marti Noxon, que trabalhou na série antes de criar UnReal e definiu Weiner como "um terrorista emocional". Ele segue trabalhando na minissérie The Romanoffs, que estreia na Amazon em 2018.

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