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A Filha do Demônio

Com satanismo trash, Record estreava produção religiosa há 20 anos

Reprodução/Record TV

Patrícia de Sabrit em cena de A Filha do Demônio; personagem era possuída por forças do mal - Reprodução/Record TV

Patrícia de Sabrit em cena de A Filha do Demônio; personagem era possuída por forças do mal

REDAÇÃO

Publicado em 21/3/2017 - 6h20

Muito antes de investir fortemente em novelas bíblicas com centenas de atores e figurantes, efeitos especiais e cenários babilônicos, a Record começou sua produção de teledramaturgia religiosa com uma minissérie bem pobrezinha. Em março de 1997, estreava A Filha do Demônio, baseada em depoimentos de fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus. Com atuações forçadas, extremamente dramáticas, ficou marcada pelo "padrão trash", com muito sangue falso e até insetos vivos.

A Filha do Demônio foi a primeira minissérie de uma leva de produções de cunho religioso que a Record empreendeu entre 1997 e 1998. Foi criada uma faixa chamada Série Verdade, às 20h, para exibir a trama, que contava a história de Ana (Patricia de Sabrit), uma garota cuja alma foi vendida ao demônio por seu próprio pai, Mário (Luiz Carlos de Moraes), por 100 mil dólares.

O drama de Ana começou ainda na infância, quando ela se viu mais depressiva e infeliz do que as outras crianças. Na adolescência, sem o apoio do pai alcoólatra, Ana pensou muito em suicídio e ficou rebelde e agressiva. Possuída pelo demo, transgredia de forma bem diversificada: usava e vendia drogas, se prostituía, bebia e se envolvia com bandidos. Afinal, desgraça pouca é bobagem.

Reprodução/Record TV

A jovem Ana fuma e se embriaga em má companhia

Em sua jornada infernal, A Filha do Demônio chamou a atenção para cenas tão chocantes quando bizarras: a minissérie mostrou um bebê coberto por minhocas e vermes, uma garota matando um cachorro e bebendo o sangue do animal e o diabo sugando o sangue de uma moça morta em um ritual (mesmo supostamente morta, a atriz continuava respirando).

A dramatização da trama era mais intensa (e tosca) do que de novelas mexicanas dos anos 1990. Diálogos forçados e trilhas sonoras de suspense davam o tom das cenas. Dois dias após a estreia, o escritor Marcelo Rubens Paiva publicou no jornal Folha de S.Paulo uma crítica na qual exaltava o fator trash da minissérie:

"Filha do Demônio é tão ruim que é ótima. Os cenários são escarnecidos, os efeitos especiais, grotescos, os diálogos, impagáveis. Habituado a um padrão de novela de alta qualidade e rotatividade, o telespectador brasileiro está à frente de um dilema: isso é para ser levado a sério? A Record descobriu a pólvora. Com suas limitações, não dá para imitar a Globo. Não há recursos para uma produção sofisticada. Resolveu, então, partir para um estilo próprio, escancarando".

Até 1997, a última produção de teledramaturgia da Record havia sido O Espantalho (1977), de Ivani Ribeiro. Depois da leva de atrações religiosas de 1997 e 1998, a emissora só voltou a investir nesse tipo de produto em 2010, com A História de Ester.

Reprodução/Record TV

O ator João Vitti como o demônio da atração

A Filha do Demônio teve autoria de Ronaldo Ciambroni, que hoje se dedica a escrever e atuar em peças de teatro, e direção de Atílio Riccó, que mora em Portugal e já trabalhou como diretor e supervisor de texto em produções locais.

A minissérie foi marcante na carreira de Patricia de Sabrit: após interpretar a personagem principal de A Filha do Demônio, aos 22 anos, ela foi para o SBT e fez o papel principal da novela Pérola Negra (1998). Hoje, aos 41 anos, a atriz é casada com um francês dono de uma grande montadora de carros e declarou, em entrevista ao programa Amauy Jr. em 2016, que não pensa em voltar a atuar por enquanto.

Também se destacou no elenco de A Filha do Demônio o ator João Vitti, pai de Rafael Vitti e no ar atualmente em Rock Story. Na minissérie, ele interpretou ninguém menos do que o demônio do título.

Em sua exibição original, a minissérie teve média de 5 pontos de audiência (na época, esse número representava cerca de 400 mil telespectadores na Grande São Paulo). Uma das obras mais trash da história da teledramaturgia brasileira, A Filha do Demônio foi reprisada em 2000, de madrugada, na Record e na Rede Mulher.


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