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DRAMA FAMILIAR

Com pai doente, Rodolfo do ET desiste de lutar contra o SBT após oito anos

Fotos: Divulgação

Rodolfo Carlos em cultivo de macadâmia orgânica, sua única fonte de receita ultimamente - Fotos: Divulgação

Rodolfo Carlos em cultivo de macadâmia orgânica, sua única fonte de receita ultimamente

DANIEL CASTRO

Publicado em 11/12/2017 - 5h16

Desempregado, endividado e com o pai doente, o jornalista Rodolfo Carlos, 47 anos, resolveu dar fim à ação trabalhista que move contra o SBT há quase oito anos. "Eu desisti de lutar contra o SBT. Meu pai está com câncer, fazendo químio, e meu avô de 89 anos teve de colocar marcapasso", desabafa.

Há dois anos, o TST (Tribunal Superior do Trabalho) condenou a emissora a pagar ao ex-parceiro de Cláudio Chirinian, o ET, direitos como férias, Fundo de Garantia e 13º salário pelos quase 11 anos em que ele trabalhou no Domingo Legal sem carteira assinada. A soma disso tudo resulta numa cifra milionária.

No final de 2016, o advogado de Rodolfo Carlos, Ronaldo Sposaro Junior, pediu a execução da indenização. O processo voltou de Brasília para Osasco (SP), onde fica a sede do SBT e onde tudo começou.

O ex-repórter de Gugu Liberato apresentou seu cálculo do quanto deveria receber e o SBT, por sua vez, da quantia que deveria pagar. Não houve acordo. Por isso, o juiz determinou a intervenção de um perito. Apresentada a conta do perito, a rede de Silvio Santos impugnou o laudo, argumentando que havia muitos erros nele.

Rodolfo Carlos, então, percebeu que o SBT estava disposto a usar todos os recursos jurídicos possíveis (o que é um direito legítimo da empresa), e isso adiaria o pagamento da sentença por um tempo incalculável.

Rodolfo Carlos e Claudio Chirinian no auge da dupla, logo após contratação pelo SBT, em 1998

Para não correr o risco de ficar mais alguns anos sem ver um tostão de sua indenização, o jornalista decidiu abrir mão de pouco mais de R$ 1 milhão (a diferença entre sua conta e a do SBT). Na semana passada, aceitou a proposta da rede de Silvio Santos e desistiu de dar continuidade à ação trabalhista, por "questões de saúde na família".

"[Foram] Sete anos e dez meses de processo. Isso não vai parar nunca. Chega!", diz. "Preciso de dinheiro para dar mais conforto ao meu avô e ao meu pai. Ele está com câncer e não tem nem plano de saúde".

Rodolfo afirma que após pagar todas as dívidas e socorrer os familiares em dificuldades, sobrará muito pouco dinheiro. "Quando faço todas as contas, eu percebo: 'Não vou ser um milionário", diz, bem humorado.

O ex-parceiro de Claudio Chirinian [1963-2010] vai investir parte do dinheiro na produção de alimentos orgânicos, atividade que tem sido sua única fonte de renda nos últimos anos. Quer virar fazendeiro. "Vou distribuir produtos orgânicos da minha fazenda e de outras também", promete.

A carteira de trabalho de Rodolfo com anotações feitas pelo SBT em abril passado, a mando da Justiça

Recuperado de uma depressão, Rodolfo Carlos também tem planos de voltar à televisão, após mais de oito anos sem emprego fixo na área. Enquanto sua indenização não chega, ele comemora o fato de o SBT já ter anotado em sua carteira de trabalho os quase 11 anos em que não foi registrado, como determinou a Justiça. "Minha maior felicidade agora é olhar para a carteira assinada", afirma.

Procurado pelo Notícias da TV, o SBT não se pronunciou, como é praxe da emissora em casos envolvendo processos. 

Microfone gigante
Rodolfo Carlos começou a carreira no jornalismo popular, no início da década de 1990. Produziu reportagens policiais para Gil Gomes e de direito do consumidor para Celso Russomanno no extinto Aqui Agora, do SBT. Trabalhou com Carlos Massa, o Ratinho, na CNT e depois na Record, onde formou a dupla com ET, personagem que criou em uma "reportagem". Sua marca era um microfone gigante.

Em 1998 voltou para o SBT e passou a trabalhar no Domingo Legal. As encenações de tentativas de acordar Silvio Santos e outros artistas renderam ao antigo programa de Gugu Liberato picos de 30 pontos e vários momentos de primeiro lugar no Ibope. No auge da popularidade, lançou um CD com ET e vendeu mais de 270 mil cópias.

Em julho de 2009, não concordou com a proposta do SBT de reduzir seu salário e rompeu contrato de pessoa jurídica com a emissora. Desde então, Rodolfo só conseguiu trabalhos esporádicos na TV. Em 2010, ficou três meses no programa de Sonia Abrão, na RedeTV!. Em 2015, voltou a acordar famosos no programa de Gugu Liberato, na Record, mas por muito pouco tempo.

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