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Chocante, documentário conta a história do hospício mais cruel do Brasil

Reprodução/HBO

Foto de um paciente do Hospital Colônia exibida no documentário Holocausto Brasileiro - Reprodução/HBO

Foto de um paciente do Hospital Colônia exibida no documentário Holocausto Brasileiro

FERNANDA LOPES

Publicado em 20/11/2016 - 6h06

De 1903 a 1980, mais de 60 mil pessoas morreram no Hospital Colônia, manicômio localizado na cidade de Barbacena, em Minas Gerais. As condições insalubres de sobrevivência, o abandono e os maus-tratos que os pacientes sofriam até a morte são exacerbados no documentário Holocausto Brasileiro, que estreia no canal Max neste domingo (20).

A produção foi baseada no livro homônimo da jornalista e diretora Daniela Arbex, lançado em 2013. Nas entrevistas, os personagens que ela explora são ex-funcionários do hospital, que revelam seus procedimentos cruéis sem demonstrar a menor sensação de culpa, e pacientes que sobreviveram e contam seus traumas. "Percebi que o país desconhecia uma de suas maiores tragédias", diz Daniela.

O Hospital Psiquiátrico Colônia ficou conhecido por receber não só pacientes com algum transtorno mental, mas por ser um grande símbolo de higienismo e segregação social. Boa parte dos pacientes não tinham doenças tratáveis nem mesmo estavam doentes.

Muitos tinham deficiências físicas, eram moradores de rua, órfãos ou simplesmente representavam um peso às famílias, que os enviavam para lá e nunca mais voltavam para buscá-los. Funcionava como um depósito humano.

Daniela Arbex estuda a questão da saúde mental no Brasil desde os anos 1990. Após escrever reportagens sobre sete hospitais psiquiátricos na região de Juiz de Fora, todos foram fechados. Ela tomou conhecimento da situação do hospício de Barbacena após ver fotos publicadas na revista O Cruzeiro, em 1961.

Divulgação/hbo

Imagem atual de um dos pátios do Hospital Colônia, completamente abandonado

As imagens, que fazem parte do documentário, revelam crianças deitadas no chão e rodeadas por mosquitos, homens com rostos desfigurados por doenças, dezenas de pessoas amontoadas em pátios e salas sem estrutura alguma. Ex-funcionários confirmam que os pacientes não recebiam remédios corretos, passavam frio, fome e eram tratados com choque elétrico.

Apesar de se tratar primordialmente de um registro histórico, com imagens de arquivo, Holocausto Brasileiro consegue atualizar o registro ao mostrar como estão hoje as pessoas que viveram a tragédia.

Uma mulher, internada aos 14 anos após ser estuprada e engravidar de seu patrão, conta como conseguiu reencontrar o filho que teve dentro do hospício mais de 30 anos após o garoto nascer e ser afastado dela. Há também relatos de pessoas com deficiência mental que vivem até hoje em abrigos, muito mais humanizados.

Reprodução/HBO

Daniela Arbex, jornalista e diretora do documentário

Segundo Daniela, a intenção não era denunciar e condenar culpados pelo descaso de Barbacena. Ela encontra o homem responsável por vender cadáveres dos pacientes a faculdades de medicina, e não o confronta agressivamente. "Nosso papel não é julgar ninguém, cada um fará o seu julgamento", explica.

O objetivo do documentário, de acordo com a jornalista e a HBO, era mostrar como todos os diretores de oito décadas, ao lado de médicos, funcionários, população e imprensa, foram coniventes com essa situação.

Desde 1980, o hospital psiquiátrico de Barbacena está desativado, mas para Daniela a situação da saúde mental no Brasil ainda é frágil e precisa ser observada de perto.

"Como tudo nesse país, [a denúncia sobre a situação precária] foi uma bomba momentânea e as pessoas viraram a página. A ditadura silenciou esse hospital, e há o desinteresse. Há uma cultura social de que eles mereciam estar lá, não eram dignos de conviver em sociedade, e isso existe até hoje. Agora, não está tudo lindo e maravilhoso, a gente corre risco de retrocesso. Ainda há mini Colônias por aí", alerta.

Holocausto Brasileiro estreia neste domingo, às 21h, no canal Max.


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