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Análise

Ana Hickmann vira vítima do 'tudo pela audiência' da Record

Reprodução/Record

Ana Hickmann chora durante entrevista à Record: imagem reprisada à exaustão - Reprodução/Record

Ana Hickmann chora durante entrevista à Record: imagem reprisada à exaustão

DANIEL CASTRO

Publicado em 24/5/2016 - 7h06
Atualizado em 24/5/2016 - 11h49

A Record tem uma incrível vocação para coberturas jornalísticas dramáticas. A emissora consegue ocupar horas e horas de programação com as mesmas imagens e com as informações de sempre. Foi assim há um ano, quando morreu o cantor sertanejo Cristiano Araújo, e um pouco antes, com a ex-vice-miss bumbum Andressa Urach na UTI. Foi assim em 2008, com o assassinato de Isabella Nardoni. Nesta semana, a vítima da Record é uma profissional da própria emissora. A entrevista concedida por Ana Hickmann ao repórter Vinícius Dônola, exibida originalmente no Domingo Espetacular, foi reprisada ontem em todos os programas jornalísticos da emissora, do primeiro matinal ao Fala que Eu te Escuto. Resultado: a audiência cresceu mais de 20%.

Chega a ser doloroso ver tantas vezes Ana Hickmann em um desabafo tão tocante. Vítima de uma violência inesperada, a apresentadora expôs toda o seu desespero no depoimento, exteriorizou o terror que viveu no hotel de Belo Horizonte, na tarde do último sábado (21). Ana foi vítima de um fã que passou a odiá-la, não morreu por muito pouco. Reprisar exaustivamente seu choro e seu pavor parece coisa de sadomasoquista oportunista, é desrespeitoso.

Se fosse funcionária da Globo, do SBT ou da Band, Ana Hickmann provavelmente teria tratamento diferente. Há exatamente um ano, Luciano Huck e Angélica vivenciaram uma situação tão aterrorizante quanto a da apresentadora do Hoje Em Dia. O avião em que o casal estava com os três filhos fez um pouco forçado em uma fazenda no Mato Grosso do Sul. Os Huck não morreram por muito pouco. A Globo também fez uma entrevista dramática com o casal, mas a mostrou uma única vez no Jornal Nacional.

A Record, não. Ontem, o depoimento de Ana Hickmann surgiu logo cedo no Balanço Geral Manhã e no SP no Ar. Foi reprisado na íntegra no Fala Brasil e no Hoje em Dia. Trechos foram reexibidos mais de uma vez no Balanço Geral do meio dia e no Cidade Alerta. O material ganhou mais cinco minutos no Jornal da Record. E dominou a edição do Fala que Eu te Escuto, já na madrugada desta terça (24). No programa da Igreja Universal, novamente a boa entrevista de Dônola foi reprisada. O material foi enriquecido com entrevistas com o advogado de Ana Hickmann e com o cabeleireiro que gravou, no celular, o áudio que registra o momento em que o fã invade o quarto da apresentadora. Para fechar, uma oração com um copo de água para todos os envolvidos no caso _inclusive o rapaz morto.

Cada programa tinha um tom. No Hoje em Dia, o apelo era a solidariedade dos colegas de programa; no Balanço Geral, o "diferencial" foi o heroísmo do cunhado que salvou a apresentadora; no Cidade Alerta, Marcelo Rezende surgiu levantando supostas contradições do caso, como as circunstâncias em que Gustavo Correa, o cunhado herói, teria dominado e eliminado o agressor. No Fala que Eu te Escuto, a moral religiosa ditava a linha editorial.

No fundo, embora o tom pudesse variar, o propósito sempre foi um só: obter audiência, já que não havia quase nada de novo a informar, a não ser que a cunhada da apresentadora, atingida por um tiro, permanecia internada em estado grave em um hospital da região metropolitana de Belo Horizonte.

O sofrimento de Ana Hickmann rendeu. O Fala Brasil, segundo dados consolidados, bateu a Globo. O Hoje Em Dia teve uma de suas maiores audiências, com 8,9 pontos de média, contra contra 6,5 da Globo. Das 6h às 14h45, quando acabou o Balanço Geral, a Record marcou ontem 8 pontos na Grande SP. Um crescimento de 23% sobre a média do mesmo horário nas últimas quatro segundas-feiras.


Colaborou GABRIEL SOUZA


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