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Memória da TV

Há 28 anos, Seinfeld foi reprovada por telespectadores e condenada por TV

Fotos: Divulgação/Reprodução/NBC

Os atores Jerry Seinfeld e Jason Alexander em cena do primeiro episódio de Seinfeld - Fotos: Divulgação/Reprodução/NBC

Os atores Jerry Seinfeld e Jason Alexander em cena do primeiro episódio de Seinfeld

JOÃO DA PAZ

Publicado em 9/6/2017 - 5h20

Considerada a melhor comédia de todos os tempos, Seinfeld teve uma estreia que passou longe de ser badalada. Exibido originalmente há 28 anos, e programado para ser reprisado pelo Canal Sony hoje (9), às 21h, o primeiro episódio foi mal avaliado por uma pesquisa com 400 telespectadores e por 24 executivos da rede NBC, incluindo o presidente, que condenou o projeto. A rejeição fez com que a série quase não saísse do papel.

A minimaratona de Seinfeld no Sony inclui o piloto e mais três episódios. É a volta da série ao horário nobre após cinco anos, com áudio original e legendas (sem a dublagem em português como opção). Todas as sextas, serão exibidos quatro episódios.

Em 5 de julho de 1989, os homens mais poderosos da NBC acompanharam juntos a uma sessão da então chamada The Seinfeld Chronicles (As Crônicas de Seinfeld). De acordo com reportagem da revista TV Guide, depois de 23 minutos a sala "explodiu em aplausos".

Mas a poeira baixou e o chefe da NBC na época, Brandon Tartikoff, mostrou pouco entusiasmo com o que viu. Ele não comprou a ideia da comédia. "Muito nova-iorquina, muito judia", disparou.

Jerry Seinfeld (interpretado pelo comediante homônimo), judeu, morava em um apartamento em Manhattan, no coração de Nova York. Interagia com seu amigo de infância George Costanza (Jason Alexander) e seu vizinho Kramer (Michael Richards). A amiga e ex-namorada de Jerry, Elaine Benes (Julia Louis-Dreyfus), só foi apresentada no segundo episódio.

Os executivos não entenderam as piadas mais mundanas da comédia, que se classificava como "uma série sobre o nada": situações inusitadas em uma lavanderia, a maneira correta de abotoar uma camisa e como desvendar se uma mulher quer ou não passar a noite no apartamento de Jerry.

A NBC, então, decidiu fazer uma pesquisa com os telespectadores para receber um feedback sobre The Seinfeld Chronicles. Foram ouvidas 400 pessoas, entrevistadas por telefone. O resultado final do relatório foi cruel: "A série é fraca."

A maioria do público disse que não assistiria à série de novo. Segundo o levantamento, os personagens coadjuvantes não se mostraram carismáticos e quase ninguém se identificou com a rotina do protagonista.

"Foi um tiro no coração", disse Warren Littlefield, diretor da divisão de entretenimento da NBC. "Ficamos com medo de tocar em algo que foi tão fortemente rejeitado."

A amiga e ex-namorada de Jerry, Elaine Benes (Julia Louis-Dreyfus), entrou só no 2º episódio

Na gaveta
A péssima recepção fez a NBC dar uma pausa no projeto. Meses antes de expirar o direito de The Seinfeld Chronicles junto à produtora Castle Rock, o executivo Rick Ludwin, uma das mentes por trás do desenvolvimento da série, convenceu seus chefes a pelo menos encomendar mais quatro episódios.

Como a Castle Rock não recebeu oferta de nenhuma outra emissora, aceitou o pedido irrisório, na política do melhor ter pouco do que nada.

Em 31 de maio de 1990, Seinfeld voltou ao ar (sem o "The" e "Chronicles" no nome). Na ocasião, foi a vez de a mídia criticar a atração. A prestigiada revista Hollywood Reporter disse que a série não era engraçada e decretou: "Seinfeld vai estar no ar por mais três semanas na NBC. E isso deve ser o suficiente."

Mas não foi. A segunda temporada foi encomendada com 12 episódios. Apenas na terceira a comédia conseguiu os almejados 22 capítulos. Na quinta, Seinfeld alcançou o sucesso de público, com o terceiro lugar no ranking de audiência da TV dos EUA. Nos quatro anos seguintes, a comédia ficou entre as três séries mais vistas; o primeiro lugar foi alcançado nas temporadas 1994-1995 e 1997-1998.

A série é rentável para os envolvidos ainda hoje, quase 20 anos após seu encerramento. Até 2015, arrecadou US$ 3,1 bilhões (R$ 10 bilhões) com a venda dos direitos de reprise apenas nos Estados Unidos. Segundo o jornal britânico The Independent, parte desse dinheiro (US$ 400 milhões/R$ 1,3 bilhão) foi direto para a conta bancária de Jerry Seinfeld.

O episódio final da atração foi o quinto mais visto da história da TV norte-americana, com 76,3 milhões de telespectadores. Seinfeld venceu o Emmy de melhor comédia em 1993 e o Globo de Ouro de 1994.

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