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Memória da TV

Há 26 anos, Twin Peaks foi alvo do primeiro grande spoiler de série no Brasil

Reprodução/ABC

A atriz Sheryl Lee em imagem icônica de Twin Peaks; jornal entregou final da trama em 1991 - Reprodução/ABC

A atriz Sheryl Lee em imagem icônica de Twin Peaks; jornal entregou final da trama em 1991

JOÃO DA PAZ

Publicado em 21/5/2017 - 7h44
Atualizado em 21/5/2017 - 7h57

Série que retorna neste domingo (21) após um hiato de 26 anos, Twin Peaks foi alvo do primeiro grande spoiler da TV brasileira. No dia 11 de abril de 1991, o jornal Folha de S. Paulo revelou o final da trama policial, respondendo à pergunta que intrigava o público que acompanhava o "enlatado" todos os domingos na Globo: Quem matou Laura Palmer?

Apesar de trazer um alerta antes de introduzir o texto, a reportagem de Álvaro Pereira Júnior gerou controvérsias. Logo no primeiro parágrafo, o jornalista soltou a bomba: "Bob, uma alma penada com obsessão por facas, matou Laura Palmer".

Acostumados com spoilers de novelas, mas não de séries, leitores escreveram para o jornal reclamando da revelação 45 dias antes de o último episódio ir ao ar no Brasil. Para muita gente, o texto foi um verdadeiro estraga prazeres, a tradução mais literal de spoiler. Afinal, Twin Peaks era uma série sobre uma investigação de um crime, e a identidade do assassino era seu principal mistério _entre tantos mistérios.

Mais do que isso, a série do cineasta David Lynch era uma novidade, revolução no formato. Críticos costumam dizer que, sem Twin Peaks, não haveria Arquivo X (1993-2002) e Sopranos (1999-2007). E sem Arquivos X e Sopranos não haveria Game of Thrones, Breaking Bad, Mister Robot...

O spoiler da Folha virou tema de conversas nas faculdades de jornalismo e foi parar na coluna semanal do então ombudsman da Folha, Caio Tulio Costa. 

Com o título Não Adianta Avisar, Costa reproduziu trechos de cartas de leitores que "reagiram entre desapontados e indignados". Um deles considerou o aviso para não ler o texto como um convite à leitura. "Vocês tiraram qualquer possibilidade de diversão aos domingos, e elas são tão poucas!", escreveu.

Um outro assinante do jornal relatou que fugiu da reportagem, mas acabou sabendo do final de Twin Peaks no ambiente de trabalho. Para exemplificar sua frustração, uma dentista contou ao ombudsman o final do filme O Poderoso Chefão 3, que ele não tinha visto. "Parece que vocês querem provocar a ira do leitor e testar seu limite de resistência!", protestou.

reprodução

Polêmica capa do caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo, que estragou o final de Twin Peaks

Duas décadas depois
A continuação de Twin Peaks estreia neste domingo nos Estados Unidos no canal Showtime. No Brasil, estará disponível todas as segundas-feiras na Netflix.

A terceira temporada retoma a rotina da pacata cidade de Twin Peaks 25 anos depois que agente do FBI Dale Cooper (Kyle MacLachlan) revelou o macabro assassinato da adolescente Laura Palmer (Sheryl Lee).

Muitos atores da trama original estão de volta: Kyle MacLachlan, Sheryl Lee, Mädchen Amick (a garçonete Shelly Johnson), Sherilyn Fenn (a então adolescente Audrey Horne), David Duchovny (o agente Dennis Bryson) e Ray Wise (Leland, o pai de Laura).

Nomes de peso de Hollywood também estão na produção: Laura Dern (Big Little Lies), Naomi Watts (Cidade dos Sonhos), Ashley Judd (Divergente), Amanda Seyfried (Meninas Malvadas).

David Lynch dirigiu todos os 18 capítulos do revival, produzidos sob enorme sigilo. Os atores só receberam os roteiros das cenas que participam. Quase nada se divulgou à imprensa sobre a nova história, os trailers são cifrados e as fotos, pouco explicativas. O que faz sentido em uma série movida pelo inexplicável.

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