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Análise | Teledramaturgia

Tramas paralelas de Império pecam pela irregularidade e mesmice

João Miguel Júnior/TV Globo

Carmem (Ana Carolina Dias) e Orville (Paulo Rocha), em cena da novela Império, da Globo - João Miguel Júnior/TV Globo

Carmem (Ana Carolina Dias) e Orville (Paulo Rocha), em cena da novela Império, da Globo

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 14/1/2015 - 15h20
Atualizado em 17/1/2015 - 6h01

A trama principal de uma novela certamente é o que mais chama a atenção do público. Cabe aos protagonistas cativar o telespectador, mas o núcleo central, sozinho, é incapaz de segurar oito meses da novela no ar. Daí a importância das tramas paralelas para manter o folhetim em andamento. Em Império (Globo), no entanto, as histórias de Robertão (Rômulo Neto) e Orville (Paulo Rocha) são exemplos de irregularidade e de repetição de outras novelas do mesmo autor, Aguinaldo Silva.

Quando as histórias, de fato, deslancham, aquele período conhecido como barriga, em que absolutamente nada acontece, inexiste. Em Império, a história do comendador José Alfredo (Alexandre Nero) já mostrou ter fôlego: ele enriqueceu, descobriu uma filha bastarda, mantém um caso com uma ninfeta, tem uma família capaz de enlouquecer qualquer um, já morreu e voltou à cena. O maior trunfo da novela é ter um protagonista carismático, mesmo que seja cheio de defeitos.

À sua volta, outros núcleos se desenvolvem, mas as tramas paralelas da novela são marcadas pela irregularidade. Criar histórias originais em um produto tão recorrente no imaginário popular brasileiro como a telenovela é tarefa hercúlea. Não à toa, os autores repetem elementos de seus universos ficcionais em suas novelas.

Robertão, o rapaz gostosão que não quer nada da vida, poderia muito bem ser o Enzo (Julio Rocha), de Fina Estampa (2011). Coincidência ou repetição, os dois acabam descobertos por um olheiro e viram modelos de cueca. Trocaram-se os atores, mas a história é a mesma.

Já Tuane (Nanda Costa) guarda semelhanças com Teodora (Carolina Dieckmann), também de Fina Estampa: a garota que abandona marido e filho e depois volta para reconquistar o amor dos dois. Nanda tem carisma e apelo junto ao público, e sua história na novela não é das piores.

O contrário, porém, acontece com Carmem (Ana Carolina Dias) e Orville. A advogada e o pintor picareta, no início, apontavam para uma relação sexual explosiva. Assim que conseguiu separá-lo da esposa Juju (Cris Vianna), Carmem passou a investir na exploração do abilolado artista Salvador (Paulo Vilhena).

Mas a atriz não tem tarimba para a vilania, suas cenas são constrangedoras e não raro apelam para a sensualidade da intérprete. A parceria com Rocha também não ajuda em nada, e a história dos dois poderia muito bem ser descartada da novela, sem prejuízo algum.

Quem também perdeu espaço na novela foi Reginaldo (Flávio Galvão), o cafajeste bígamo que mantinha um casamento com Tuane e Jurema (Elizângela). A trama, depois que Tuane se regenerou, caiu na mesmice e Reginaldo fugiu com outra mulher, ou seja, rodou em círculos. Até agora, continua desaparecido da história, mas vai ressurgir em breve.

Praticamente sem função na novela, Jurema, então, passou a ter visões do filho morto, Jairo (Julio Machado), que deixa bolsas roubadas como pistas para que a mãe encontre seu paradeiro. O núcleo caiu para o universo fantástico, destoando totalmente do tom realista da novela.

Jurema ainda cruza o caminho de Cora (Marjorie Estiano) e pode ter o destino abreviado de forma parecida com outra personagem de Elizângela: morta após cair escada, assim como sua Djenane de Senhora do Destino (2004). Cora já deu pistas de que pode, sim, abreviar a vida da mãe de seu antigo comparsa.

Sem encontrar um tom uniforme para a novela, Aguinaldo Silva segue consolidando bons índices, mas sem tais irregularidades, Império poderia se tornar uma história bem mais marcante.


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