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Análise | Novela das nove

Remendada, Babilônia fica confusa e corre risco de virar Frankenstein

Reprodução/TV Globo

Gloria Pires (Beatriz) em Babilônia; virada acelerou paixão de personagem por Diogo (Thiago Martins) - Reprodução/TV Globo

Gloria Pires (Beatriz) em Babilônia; virada acelerou paixão de personagem por Diogo (Thiago Martins)

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 2/5/2015 - 6h52

Uma verdadeira operação resgate foi deflagrada em nome da audiência capenga do primeiro mês de exibição de Babilônia. Tramas foram suavizadas, algumas cenas foram refeitas, outras até mesmo cortadas do roteiro original, e diálogos foram reescritos para não chocar demais uma parcela conservadora do público. A novela ganhou ritmo, embora tenha apresentado capítulos irregulares no meio tempo em que foi sendo consertada.

Se por um lado a virada da história acelerou a vingança de Inês (Adriana Esteves), por outro descaracterizou a trama inicial da vilã, marcada por uma admiração obsessiva por Beatriz (Gloria Pires) e agora possuída por um ódio que parece ter brotado no meio dessa tentativa de salvação de Babilônia.

De qualquer forma, finalmente Inês tornou público o vídeo que comprovava a pulada de cerca da vilã mór da história. Os autores fizeram ficar claro que o que Inês quer é vingança, por Beatriz ter sido responsável pela morte de seu pai. 

Desde a adolescência, a advogada nutre esse desejo mas é justamente aí que surgem lacunas: ainda que Inês tenha dito que passou dez anos em Dubai documentando um dossiê contra Beatriz, a frieza não é uma característica da vilã de Gloria Pires? Inês, pelo contrário, sempre se mostrou muito impulsiva...

Inês chegou até mesmo a dar em cima de Evandro (Cassio Gabus Mendes) em capítulos recentes, mas mudou de ideia e decidiu que era melhor incentivar sua filha Alice (Sophie Charlotte) a se aproximar do empresário. Inês também se interessou por Vinícius (Thiago Fragoso). Confuso.

Evandro é outro personagem que teve um grande desvio de rota. Antes um homem traía a mulher com várias garotas, apaixonou-se por Alice, cuja trajetória foi a que mais sofreu modificação na história: ela seria prostituta, mas, para não afastar ainda mais o público, não será mais. Remendos e mais remendos de cenas foram feitos e os efeitos respingaram em outros papéis, como o próprio Evandro e o cafetão Murilo (Bruno Gagliasso).

Também é consenso que toda vilã precisa ter um ponto fraco, até mesmo para dar mais humanidade às personagens, mas a paixonite de Beatriz por Diogo (Thiago Martins) foi súbita demais. A “picotação" de cenas e o ritmo desesperado para se contar a história sem perder audiência não deixou espaço para um melhor desenvolvimento dessa trama. No vídeo, apesar do talento dos intérpretes, a relação é forçada, sem um pingo de naturalidade.

Ainda em relação a Beatriz, demorou demais para que sua história se cruzasse com a de Regina (Camila Pitanga). Tal fato só contribui para enfraquecer a mocinha, que continua sem força, uma vez que a virada serviu para fazer o público se apiedar de Inês, humilhada constantemente nas últimas duas semanas (e até mesmo baleada) por Beatriz.

Um adendo: se Gloria Pires tem em mãos a personagem mais chamativa da novela, Adriana Esteves tem a mais interessante. As duas estão ótimas nos respectivos papéis, mas, confortável, Adriana soube imprimir uma carga de dubiedade em sua personagem, mesmo com toda a confusão que foi a construção da personalidade de Inês.

Baseada no clichê da vingança, a reviravolta de Babilônia não foi um recurso original. Resta torcer para a novela entrar nos eixos e voltar a ter uma história tão empolgante quanto a que foi apresentada no primeiro capítulo, sem que para isso tenha que se tornar um verdadeiro Frankenstein.


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