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Análise | Teledramaturgia

Haja Coração repete 'maldição' de Sassaricando; saiba qual

Cesar Alves/TV Globo

Marcos Pitombo e Sabrina Petraglia em Haja Coração; casal Shirlipe rouba a cena em novela  - Cesar Alves/TV Globo

Marcos Pitombo e Sabrina Petraglia em Haja Coração; casal Shirlipe rouba a cena em novela

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 29/10/2016 - 7h04

Em 1987, Sassaricando, a novela que serviu de base para a atual trama das sete da Globo, teve uma leve alteração de percurso: o núcleo principal, formado Aparício (Paulo Autran) e pelas três mulheres com quem ele sassaricava, perdeu espaço para a espevitada Tancinha (Claudia Raia). Inicialmente uma mera coadjuvante, Tancinha terminou a novela como um dos personagens mais lembrados da teledramaturgia nacional.

Quase 20 anos depois, na releitura de Daniel Ortiz, a "maldição" se repete: uma trama secundária, a de Shirlei (Sabrina Petraglia) e Felipe (Marcos Pitombo), chama mais a atenção do público do que a indecisão de Tancinha (Mariana Ximenes) entre Beto (João Baldasserini) e Apolo (Malvino Salvador). O conto de fadas sem sutileza alguma funcionou melhor e ganhou torcida na internet.

Não que a participação dos protagonistas tenha sido diminuída _foi apenas ofuscada.  Mas é evidente que o sucesso da novela se deve em grande parte ao fator Shirlipe, casal arrebatador nas redes sociais.

Haja Coração teve como mérito, ainda, ter se deslocado do original ao usar somente a premissa de Sassaricando como ponto de partida, evitando assim maiores comparações. Shirlipe é uma invenção que não havia no original de Silvio de Abreu.

O romance em detrimento do riso prevaleceu em praticamente todos os núcleos, e se criou um excesso de triângulos amorosos: além de Shirlipe e dos protagonistas, houve Camila (Agatha Moreira), Giovanni (Jayme Matarazzo) e Bruna (Fernanda Vasconcellos), e Aparício (Alexandre Borges), Rebeca (Malu Mader) e Teodora (Grace Gianoukas). Provocar o público pelo emocional é garantia de audiência, e nada melhor do que o romance para isso.

Outro fator que contribuiu para certo desgaste do protagonismo da "Tancinha divididinha" foi a performance pífia de Malvino Salvador. Repetitivo, o ator não apresentou nuances de interpretação e enfrentou ainda o novato Baldasserini, sangue praticamente novo no vídeo e com uma atuação mil vezes melhor. Para complicar ainda mais, a entrada de Cleo Pires (Tamara) para balançar o núcleo foi irrelevante.

O casal Apolo e Tamara, se impressionou o público, foi pela falta de química e pela inexpressividade cênica dos dois atores. Completa o pódio da atuação canastrona José Loreto, como Adônis, que poderia muito bem ter atrapalhado mais a vida de Shirlei e Felipe, mas que pouco acrescentou à história.

Mariana Ximenes, entretanto, cumpriu com maestria uma tarefa difícil: compor uma Tancinha própria, longe de qualquer comparação com a original eternizada por Claudia Raia. Personagem difícil, Tancinha foi levada com os pés nas costas pela atriz e comprovou o carisma de Mariana para protagonizar qualquer história.

No mais, apesar de secundário, o humor se fez presente, mais comedido do que o esperado para o horário, é verdade, mas vale destacar Ellen Roche (Leonora), Marcelo Médici (Agilson), Claudia Jimenez (Lucrécia), apesar de bastante subaproveitada, Grace Gianoukas e Gabriel Godoy (Leozinho). A entrada de Cristina Pereira (Safira) trouxe caldo à história. Tatá Werneck (Fedora), se não apresentou nada de novo na carreira, ao menos divertiu.

Haja Coração termina marcada pela superação de um casal extra-Sassaricando em relação aos protagonistas. O excesso de romance, porém, mostra um caminho fácil que as novelas atuais tendem a seguir e acende um sinal amarelo: nem só de água com açúcar vivem os folhetins.


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