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Nova novela

Crítica: Joia Rara capricha no didatismo e nas caretas do vilão

Raphael Dias/TV Globo

O ator Carmo Dalla Vecchia em cena de Joia Rara: alguma dúvida de que ele é do mal? - Raphael Dias/TV Globo

O ator Carmo Dalla Vecchia em cena de Joia Rara: alguma dúvida de que ele é do mal?

DANIEL CASTRO

Publicado em 16/9/2013 - 19h25
Atualizado em 16/9/2013 - 23h37

Uma estreia sem riscos. O primeiro capítulo de Joia Rara, nova novela das seis da Globo, apostou em uma apresentação didática da trama, dos temas e dos personagens. Estética cinematográfica, narrativa de novela tradicional.

Manfred, o vilão de Carmo Dalla Vecchia, foi apresentado como tal logo na primeira sequência, tentando matar o mocinho Franz, de Bruno Gagliasso. Nas montanhas geladas do Himalaia, Manfred corta a corda de Franz. É a deixa para uma avalanche. E para os profissionais dos bastidores brilharem.

Filho bastardo do milionário da história, Ernest (José de Abreu), Manfred não economizou caretas. Chegou a ser caricato, tipo vilão de desenho animado. Para a dona de casa desavisada não ter dúvidas de que por trás daquele terninho e cabelos engomados reside uma pessoa rancorosa.

Apesar da sequência inicial na Ásia, muito bem filmada, aliás, Joia Rara é uma novela ambientada no Rio de Janeiro dos anos 1930. Já disse o primeiro capítulo que gira em torno de uma fundição de joias. Lá, há uma subtrama sindical, em que se "luta pela vida", tão degradantes que são as condições de trabalho.

Outra subtrama é religiosa. A reencarnação está de volta ao horário das seis. Nelson Xavier, que faz Ananda, um líder espiritual budista que fala português com sotaque nordestino (apesar de não ser brasileiro), e que conhece Leônidas da Silva (o Pelé da época), vai logo explicando que "a morte não é o fim de tudo", é o começo de uma nova missão.

Missão é a senha para Franz se apresentar ao telespectador: ele é filho de suíço, estudou na Europa e vai assumir a joalheria do pai _claro, Manfred não vai facilitar. No final do episódio, Franz revela sua segunda missão (neste caso, uma missão dramatúrgica): ele se apaixona por uma operária, Amélia (Bianca Bin), repetindo o clichê do amor impossível e o casal de Cordel Encantado (2011), das mesmas autoras, Thelma Guedes e Duca Rachid.

Em contraste com a luz do Tibet, há a cenografia escura e as sombras da mansão e da fábrica de Ernest. A fotografia é toda trabalhada na profundidade de campo, ora focando aqui, ora ali. É bela, mas não tem o impacto visual de O Último Imperador, filme de 1987. Amora Mautner, a diretora da novela, não é uma Bernardo Bertolucci (cineasta italiano). Talvez nem queira.

Então, corta-se para um cabaré, onde brilha Lola, Letícia Spiller, amante do vilão. Como os tempos mudaram, é preciso explicar a profissão de Lola: vedetes eram dançarinas de má fama, "mulheres de vida fácil".

Fácil mesmo será a vida do telespectador de Joia Rara. É só sentar e assistir. Não precisa pensar.

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