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Crítica | Novela das nove

Com anti-herói e duas vilãs, Império confirma rótulo de novelão

Reprodução/TV Globo

Drica Moraes interpreta Cora, uma das vilãs de Império, novela das nove da Globo - Reprodução/TV Globo

Drica Moraes interpreta Cora, uma das vilãs de Império, novela das nove da Globo

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 19/8/2014 - 11h58
Atualizado em 21/8/2014 - 20h12

Passado um mês de sua estreia, Império cumpre o prometido e se revela um verdadeiro novelão. Com ganchos que prendem o telespectador, personagens bem delineados e uma história empolgante, Aguinaldo Silva mostra que está em um de seus melhores momentos, recheia o texto com bons diálogos e constrói tramas capazes de render histórias ao longo dos oito meses de jornada do folhetim.

Para começar, o protagonista José Alfredo (Alexandre Nero) é a cereja do bolo. O sujeito que veio de baixo, batalhou e construiu um império é uma constante nas novelas do autor. Foi assim em Senhora do Destino (2004), com Maria do Carmo (Susana Vieira), e em Fina Estampa (2011), com Griselda (Lilia Cabral).

Desta vez, Alexandre Nero assume o posto como José Alfredo, o protagonista anti-herói, que matou, traficou e fez fortuna. Carismático, o ator se firmou no papel, muito bem construído pelo autor _a ambientação da primeira fase contribuiu para reforçar o caráter de José Alfredo.

E o que dizer do inglês macorrônico do personagem? Incomoda ouvir aquelas expressões carregadas de sotaque, mas comentários e buchicho em torno de uma novela é a melhor coisa que um autor pode ter. Vale lembrar que, em A Indomada (1997), Silva criou a cidade fictícia de Greenville, colonizada por ingleses, e os personagens viviam falando expressões da língua de Shakespeare, isso sem contar a icônica vilã Altiva (Eva Wilma) e seu bordão “Oxente, my God!”.   

Falando em vilã, se Em Família (2014) pecava pela falta de vilania, em Império há duas megeras. Maria Marta (Lilia Cabral) é ressentida e mal amada, mas de sua boca saem frases cortantes e bem humoradas, ainda que involuntariamente. Lilia Cabral está impecável e é impossível não rir de sua “visão de mundo”. “Estou me sentindo uma raspadinha, para raio de pobre”, sentenciou ela, num momento Caco Antibes (Miguel Falabella), de Sai de Baixo. 

Já Cora (Drica Moraes) beira à vilã de desenho animado. A cena em que ela fica presa no banheiro da empresa de José Alfredo e termina gritando por ajuda, dizendo que é cardíaca, foi hilária. Difícil de destacar alguém dentro de um elenco tão uniforme, mas Drica Moraes tem a novela em suas mãos. E a língua que ela insiste em botar para fora não deixa dúvidas: Cora é uma cobra.

No começo causou um certo estranhamento ver Ailton Graça na pele de um travesti cuja caracterização parecia pouco convincente. Mas o ator soube driblar as armadilhas da caricatura e aos poucos encontrou o tom de Xana Summer, a cabelereira de boa alma. A dobradinha com Viviane Araújo (Naná) rende bons momentos e é preciso destacar o esforço da atriz em seu primeiro papel em uma novela.

Outro que também surpreendeu foi Paulo Vilhena, irreconhecível como Salvador, um sujeito louco que, preso, dedica-se às artes.

Paulo Betti surge em cena como o afetado Téo e também polemiza, mas a proposta do personagem é exatamente esta: ser caricatural e provocativo. Sem contar que Téo é uma espécie de alter ego do autor, destilando veneno, uma clara crítica aos jornalistas da chamada “imprensa marrom”.

Como senão, cabe apontar que Império tem lá os seus momentos de Amor à Vida (2013), quando alguns personagens começam a falar sozinhos. É um recurso no mínimo pobre para uma novela com diálogos tão bem delineados e que já mostrou ter tamanho potencial.

No mais, aos noveleiros que estavam sedentos por uma boa história, Império destaca-se como uma ótima pedida. Parece que agora a Globo voltou a encontrar o eixo de suas produções.


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