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CRÍTICA

Bocejante, Sol Nascente foi novela de balelas e uma personagem só

Raquel Cunha/TV Globo

A atriz Laura Cardoso em cena como Sinhá, personagem mais inovadora de Sol Nascente - Raquel Cunha/TV Globo

A atriz Laura Cardoso em cena como Sinhá, personagem mais inovadora de Sol Nascente

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 13/3/2017 - 5h22

Sol Nascente, novela das seis da Globo que termina no próximo dia 21, cozinhou o público durante seis meses com uma história insossa cujo maior atrativo não ia além da presença de Laura Cardoso (Dona Sinhá), muito mais solar do que as belas paisagens que serviam de passagem entre uma cena e outra. Sem ofertar aos telespectadores uma história digna de se acompanhar, Sol Nascente tornou-se uma novela de uma só personagem: ver as falcatruas de Sinhá, com Laura Cardoso à vontade em cena, era o ponto alto dos capítulos.

Dona Sinhá foi o respiro de inovação da história, até que a atriz adoeceu e precisou se afastar. Para complicar ainda mais a situação, Walther Negrão, o mais experiente do trio de autores (ao lado de Julio Fischer e Suzana Pires) também passou por problemas de saúde e não deu continuidade ao seu trabalho.

Com o peso da crítica e a audiência à míngua, a solução encontrada foi promover um chacoalhão na história na tentativa de tirá-la da letargia na qual se encontrava. Mas as intervenções aconteceram tarde demais.

Silvio de Abreu, diretor de teledramaturgia da Globo, passou a supervisionar os capítulos e a pontuar caminhos para a história. O time de autores ganhou o reforço de Sergio Marques. Desde então, Sol Nascente tornou-se mais dinâmica e as tramas paralelas ganharam mais estofo _ por exemplo, a de Lenita (Letícia Spiller) em busca da filha abandonada e a acentuação do conflito entre Milena (Giovanna Lancelotti) e Loreta (Claudia Ohana).

As balelas e bobeiras do núcleo italiano, que se prestava cômico mas no final tornou-se apenas constrangedor, foram deixadas de lado, bem como os dilemas do núcleo caiçara, que pouco acrescentavam à história. Recheada de tramas paralelas pouco empolgantes e com núcleo central fraco, Sol Nascente ficou marcada pela irregularidade e pela falta de originalidade no desenvolvimento de seus três primeiros quartos.

Ainda que seja um clichê das novelas, a trama de Lenita serviu para mostrar um erro do folhetim: sua protagonista. A personagem coadjuvante de Letícia Spiller tinha muito mais força do que a mocinha de Giovanna Antonelli (Alice), e a tentativa de reencontrar a filha emocionou muito mais do que o drama burocrático e sem química de Alice e Mario (Bruno Gagliasso). Spiller termina Sol Nascente injustiçada por não ter tido mais espaço dentro da narrativa.

Já para o baque causado pela saída inesperada de Laura Cardoso, a alternativa foi a entrada de Nívea Maria (Dona Mocinha), que conseguiu ao menos disfarçar a lacuna deixada por Laura. Quando retornou, a atriz ajudou, ainda, a colocar a história nos eixos, evidenciando sua importância para a novela como um todo. No entanto, os autores darão a ela um desfecho nada original.

Como o Notícias da TV publicou, Dona Sinhá vai dar uma banana para o Brasil, uma cópia descarada da clássica cena de Vale Tudo (1988), em que Marco Aurélio (Reginaldo Faria) deixa o país depois de ter aprontado todas na novela.

Disfarçada de referência, a sequência tem tudo para deixar clara a falta de inspiração para concluir a trajetória de Sinhá. Além disso, trata-se de uma cena que já foi refeita em Insensato Coração (2011), quando Horácio (Herson Capri) também tentava fugir e deixar uma banana _na ocasião, a fuga foi interrompida pela chegada da polícia. 

Depois de fazer o público bocejar diante da televisão, Sol Nascente encontrou um eixo tarde demais. A novela deve muito do pouco sucesso que teve à presença vital de Laura Cardoso. A uma semana do fim, ainda há tempo de criar algo melhor para sua principal estrela. 


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