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Crítica | Novela das nove

A Regra do Jogo repete enredo para recuperar a audiência e prestígio

Reprodução/TV Globo

Alexandre Nero em cena do primeiro capítulo de A Regra do Jogo, nova novela das nove da Globo - Reprodução/TV Globo

Alexandre Nero em cena do primeiro capítulo de A Regra do Jogo, nova novela das nove da Globo

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 31/8/2015 - 23h15

Nas costas de João Emanuel Carneiro há uma missão no mínimo ingrata: recuperar os índices de audiência da novela das nove e, sobretudo, o prestígio que o horário não vê desde Avenida Brasil (2011), não por acaso uma trama de sua autoria. Com A Regra do Jogo, o autor lança seu terceiro folhetim no horário mais nobre da Globo repetindo elementos centrais de outras tramas suas.

A estreia da semana conta a história de Romero Rômulo (Alexandre Nero), um ex-vereador que tem como principal virtude ajudar ex-presidiários a se reintegrarem na sociedade. Pesa contra ele, porém, o antagonismo de Zé Maria (Tony Ramos), acusado no passado por um crime que alega não ter cometido e motivo pelo qual vive foragido da polícia. Zé Maria acredita piamente que o culpado por todas as desgraças de sua vida é Romero e nutre um ódio descomunal pelo protagonista.

Quem diz a verdade? A premissa é parecidíssima com outra história de Carneiro, A Favorita (2008), só que desta vez o embate é masculino. Há, ainda, elementos de Avenida Brasil, como na figura maternal de Djanira (Cássia Kis), que muito lembra a mãe Lucinda (Vera Holtz) da história de 2012, uma vez que ela emaranha os principais personagens de A Regra do Jogo. Juliano (Cauã Reymond) faz as vezes de Nina (Débora Falabella): não medirá esforços para vingar e honrar o nome do pai, Zé Maria.

Apesar de repetido, o enredo de Carneiro é cativante pela maneira como o autor narra sua história. Seus personagens oscilam o tempo todo na ambiguidade _a tal "outra face" que intitulou o primeiro capítulo_ e mesmo assim não perdem o maniqueísmo, recurso primordial do gênero. Sem dúvida, o diferencial do autor está em saber brincar com essas nuances de personalidade como quem manipula peças de um jogo de xadrez.

Além disso, conta a seu favor uma embalagem bem vistosa, obra da direção pouco viciada e ousada de Amora Mautner, que traz para a telenovela o recurso da caixa cênica. Se em Avenida Brasil os atores tinham espaço para o improviso, aqui esse lado mais "vida real" é exacerbado: além do improviso, eles estão soltos no cenário, com mais mobilidade e sem tanta preocupação com as câmera. Enquadramentos irregulares dão outros ângulos para as cenas e podem causar um pouco de desconforto à primeira vista, mas é questão de hábito.

Com ritmo, A Regra do Jogo fez boa estreia. A cena ambientada na Caverna da Macaca, embora longa, manteve a atenção do público pelo texto e pela cadência dos diálogos. A apresentação dos personagens foi bem feita, sem didatismos, a ponto de o protagonista ter entrado no ar pouco mais de 20 minutos depois do começo do capítulo. A surpresa ficou para o final, quando o público descobre que Romero foi o articulador de um roubo a banco, do qual saiu como herói.

Embora tenha sido precipitada a escolha de Alexandre Nero como protagonista pouco tempo depois de dar vida ao Comendador José Alfredo, de Império (2014), o ator tem recursos e soube criar um tipo distante de seu trabalho anterior.

Giovanna Antonelli é outra que, graças ao talento e carisma, tem as rédeas da novela nas mãos. Atena, sua personagem, tem tudo para ser a nova vilã sensação e não será surpresa se a bandida da vez lançar tendência entre as telespectadoras. Outro show à parte é Susana Vieira na pele da suburbaníssima Adisabeba. Solar, espalhafatosa e com linguajar próprio, a personagem cai sob medida para a atriz.  

A Regra do Jogo imprimiu ritmo ao drama. O humor surgiu aos poucos. O tabuleiro foi armado e poucas peças foram movimentadas. Ainda falta muito pro xeque-mate.


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