'Internet é campo de guerra, tem gente que gosta de xingar', diz Emilio Dantas

Ex-Record, Emilio Dantas abocanhou o protagonista de Segundo Sol em sua terceira novela na Globo. Após fazer o vilão Rubinho em A Força do Querer, no ano passado, ele volta ao horário nobre com um mocinho imperfeito. Começa mentiroso e cheio de remorso para ter ainda mais defeitos na segunda fase. Pronto para virar chacota nacional, o ator diz que ser zoado não é problema, mas sabe que virar meme é só começo.

"Já estão fazendo meme. 'Olha o Rubinho lá no meio dos baianos, se entocou lá', vi no Twitter. Isso é natural. As pessoas acabaram de ver um trabalho e estão com essa figura na mente. Eu acho divertido demais. Mas acho que a internet virou um campo de guerra, tem gente que gosta de xingar. Então, é cada um por si", diz.

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Mas isso o incomoda? O ator diz que não entra na pilha dos provocadores porque, quando vai ver o perfil de um cara que lhe xinga em suas redes sociais, sempre se depara com pessoas sem seguidores _em geral, perfis fakes. "E aí você fala: 'Vou responder para nada, não vale a pena'", comenta.

Aos 35 anos, Dantas não pensa no peso de interpretar Beto Falcão, o mocinho da novela das nove. Afirma que agarrou essa chance porque tem música envolvida e seu sonho, antes de virar ator, era viver como músico profisisonal.

"Comecei aos 15 anos com uma bandinha. Aí teve o boom do mp3. Pensei que não ia conseguir viver de arte. Agora, sempre que eu tenho papel com música, para mim, é maravilhoso. O João [Emanuel Carneiro, autor] não precisou falar muita coisa. Ele me ligou e disse: 'Tem um cantor de axé aqui', e eu já respondi: 'Eu quero'. Simples assim", lembra Emilio.

joão cotta/tv globo

Beto Falcão (Emilio Dantas) e Luzia (Giovanna Antonelli) ficarão 18 anos separados na trama

Roqueiro, ele não tem intimidade com axé, mas afirma que todo mundo que foi jovem nos anos 1990 conhece o gênero e já dançou alguma coreografia. Meio sem jeito, o ator acaba confessando que não era da turma da "boquinha na garrafa", mas do grupo que tirava sarro dos colegas mais empolgados nas festas da escola.

"Eu era do bullying. Eu ia ver minha galera dançar, tinha festival de dança no Martins [colégio em que estudou no Rio de Janeiro]. Tinha uma galera que arrebentava dançando, então, eu ia para ver e rir. Ficava fazendo piada."

Suas influências para compor esse cantor de axé que foi dado como morto e usa a comoção popular para lucrar  e tirar sua família da pindaíba são variadas. O ator revela que colocou até uma pitada de Superman em Beto Falcão. "Qualquer coisa sobre identidade secreta a gente lembra do Super-Homem e do Clark Kent."

Na segunda fase de Segundo Sol, no ar a partir do dia 23, após uma passagem de 18 anos na história, Beto continuará supostamente morto. Ele estará vivendo como Miguel, casado com Karola (Deborah Secco) e fingindo ser o padrasto do próprio filho, Valentim (Danilo Mesquita).

Na trama, o cantor se apaixonou por Luzia (Giovanna Antonelli) e engravidou a marisqueira. Só que o romance dos dois terminará com as armações de Karola. A vilã é uma mistura de Carminha e Nazaré.

Raul Seixas entre os ingredientes
O ator colocou um lado roqueiro em Beto, já que se influenciou muito pela baianidade de Raul Seixas. "Para mim, Raul é o baiano master", diz.

Para "pegar" a sonoridade necessária e ficar com o sotaque que ele chama de "baianês", Dantas fez uma espécie de laboratório com o cantor Saulo.

Ouvir canções de baianos é outra ferramenta do ator para entrar no clima antes das gravações. "Tenho uma lista enorme de axé no Spotify. Ouço Saulo, Davi Moraes e por aí vai", revela.