Aos 22 anos, Malhação muda para SP, mistura tribos e empodera a mulher

Miscigenada não só nos tipos físicos. A nova temporada de Malhação foca nas diferenças estéticas, culturais, religiosas e sociais. Há 22 anos no ar, a novela propõe agora um diálogo maior com o público adolescente. Ambientada pela primeira vez em São Paulo, reúne várias tribos, empodera cinco garotas e se transforma em Malhação - Viva a Diferença.

A trama da Globo mostrará que a amizade se sobrepõe às diferenças ao unir cinco jovens: uma patricinha de estilo alternativo, uma hacker da periferia, uma artista sansei rebelde, uma garota tímida e solitária e uma mãe adolescente. Elas se conhecerão durante uma pane no metrô em um dia em que a capital paulista estará um caos por causa de um temporal de verão.

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O parto de uma delas, Keyla (Gabriela Medvedovski), será feito dentro do vagão com a ajuda das outras quatro jovens.

"O primeiro título que demos ao projeto foi Riquezas São Diferenças [inspirado na música do Titãs, Miséria]. Como conviver e aprender com as diferenças foi nosso ponto de partida", conta Cao Hamburger. O autor e diretor de cinema, que está por trás de obras prestigiadas como Castelo Rá-Tim-Bum (1994, TV Cultura) e Filhos do Carnaval (2006, HBO), faz sua primeira novela.

ramón vasconcelos/tv globo

Keyla (Gabriela Medvedovski) sente contrações e é amparada por Ellen (Heslaine Vieira)

Pai por amor
Um casal adolescente "fora dos padrões" está no centro da história. Amigos desde a infância, Keyla e Tato (Matheus Abreu) têm um segredo. Apaixonado pela garota, o jovem assume a paternidade diante de suas famílias e amigos, mas ele não é o pai do bebê que nasce no vagão.

"Só os dois sabem, os outros personagens não. Ele bate nessa tecla de que é o pai e pronto. Vai gerar reflexão e espero que torçam pelo casal. Acho que o que o Tato sente não é paixão, é amor mesmo", comenta o ator. Abreu estreou na TV na minissérie Dois Irmãos, na pele dos gêmeos Omar e Yaqub, papéis interpretados na fase adulta por Cauã Reymond. 

Mas são as cinco meninas que protagonizarão a trama do começo ao fim. "É a vontade de enxergar o mundo pelo olhar feminino. Cada vez mais, eu tenho consciência de que não é fácil enfrentar o machismo da sociedade organizada", diz Hamburger.

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Keyla (Gabriela Mevedoviski) e Tato (Matheus Abreu) formam casal e escondem um segredo

Assunto sério
Mas o autor quer ir além, conta que também tem uma responsabilidade em sua saga. "O pano de fundo é a educação, com duas escolas _uma pública e outra privada. Vamos abordar porque o ensino público poderia ser melhor no Brasil e não é", adianta.

Apesar de toda essa "roupa nova" e promessa de se aprofundar em temas relevantes, Malhação - Viva a Diferença trará dilemas de adolescentes que já são retratados na novelinha desde 1995. "O objetivo não é ser didático", avisa o autor.

O diretor artístico, Paulo Silvestrini, diz que não tem como fugir da vocação de Malhação, que é revelar talentos e promover um "mix" que está na sua estrutura há muito tempo. "Tem gente [no elenco] que já fez teatro, tem gente que não fez nada e temos os veteranos também", observa o diretor.

maurício fidalgo/tv globo

Malu Galli, Manoela Aliperti, Marcello Antony, Isabella Scherer e Angelo Antônio em cena

As protatonistas começaram a fazer testes em junho passado. O processo seletivo foi longo e só terminou às vésperas do Natal. Manoela Aliperti (Lica), Heslaine Vieira (Ellen), Ana Hikari (Tina), Daphne Bozaski (Benê) e Gabriela Medvedovski (Keyla) são como suas personagens, cada uma de um lugar e com um jeito de viver diferente. 

"Sempre fui muito aberta a conhecer, tanto que meu grupo de amigos de adolescência são pessoas muito diferentes umas das outras. Meu pai é negro e minha mãe é descendente de oriental", comenta a mestiça Ana Hiraki.

divulgação/tv globo

A estação de metrô Vila Mariana foi reproduzida na cidade cenográfica nos Estúdios Globo

Entre os veteranos, estão Malu Galli, Marcello Antony, Aline Fanju, Lúcio Mauro Filho, Angelo Antônio. Malu Galli faz Marta, mãe de Lica.

"A relação dela com a filha lembra a minha com a minha mãe. Eu fui uma adolescente bem difícil e dei muito trabalho à minha mãe. Era muito revoltada, questionadora e com desejo muito grande de liberdade. A partir de 14 anos já fui para o mundo. Minha mãe cortou um dobrado comigo, e a Marta vai cortar um dobrado com a Lica", fala a atriz.

Para unir toda essa turma, Hamburger escolheu o bairro paulistano da Vila Mariana como cenário. As gravações externas ocorreram por toda a cidade de São Paulo e continuarão de forma periódica.

Mas os trabalhos diários serão desenvolvidos nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro. "A cidade cenográfica tem reproduções de lugares da Vila Mariana, e é a maior já feita para Malhação, tem 6.000 metros quadrados", conta Silvestrini.