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Análise

Por que a Globo está investindo milhões de dólares em filmes da Warner?

Divulgação

Henry Cavill em O Homem de Aço, filme que vai inaugurar parceria Globo-Warner - Divulgação

Henry Cavill em O Homem de Aço, filme que vai inaugurar parceria Globo-Warner

DANIEL CASTRO

Publicado em 30/8/2016 - 5h25

O anúncio de que a Globo e a Warner Bros. firmaram um acordo de exclusividade para filmes e séries causou um certo estranhamento no mercado. Afinal, por que se comprometer com um gasto de alguns milhões de dólares por ano (pelo menos US$ 15 milhões, especula-se no mercado) com um produto que está cada vez mais desvalorizado? Por que pagar caro por um produto que passa antes no cinema, no VOD (video on demand) e em canal pago? E que é absurdamente pirateado?

Primeiro, a Globo só fechou o acordo com a Warner porque o catálogo da distribuidora está há quase três anos dando sopa no mercado. Desde que o SBT rompeu uma parceria de 15 anos, em 2013, filmes como Sniper Americano, O Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos e Lanterna Verde estavam sem "dono" na TV aberta. A Globo tentou comprá-los de forma avulsa, mas a Warner resistiu e forçou um acordo chamado "volume deal", em que vende uma quantidade de conteúdo por um valor pré-determinado anualmente. Nesse tipo de negociação, cada filme e cada série tem um preço. A Globo tem prioridade para escolher os títulos até completar o valor combinado.

Outro fator que pesou _e muito. A Warner distribui os filmes da DC Comics. E megaproduções de super-heróis dominam o cinema produzido em Hollywood atualmente. Dos dez filmes mais vistos no mundo neste ano, quatro têm super-heróis. Capitão América: Guerra Civil, da Marvel, lidera a lista, com mais de US$ 1 bilhão em bilheterias. Já confirmado no pacote da Globo, Batman Vs Superman é o quarto longa mais assistido no planeta neste ano _até agora.

Como já tinha o catálogo da Marvel, a Globo passa a ter, após o acordo com a Warner, uma verdadeira legião de super-heróis a seu dispor: X-Men, Quarteto Fantástico, Homem Aranha, Incrível Hulk, Capitão América, Thor, Homem de Ferro, Os Vingadores, Batman, Superman, Mulher Maravilha, Lanterna Verde e Flash. A parceria, não por acaso, estreia no dia 26 de setembro com o longa O Homem de Aço, que conta a história do Superman.

Por fim, um outro fator foi determinante na decisão da Globo. Filmes estão em recuperação no Ibope da TV aberta. Todas as principais sessões de cinema na TV vinham em queda acelerada no Ibope até 2014. A Tela Quente, por exemplo, tinha 37 pontos de média em julho de 2005. Cinco anos depois, caiu para 27 no mesmo mês. Em 2014, raspou o fundo do tacho, com 16. No ano passado, se recuperou um pouco e foi para 17. Neste ano, fechou julho com 19 pontos.

Movimento semelhante registram as sessões de cinema do SBT, da Record e da Band. Mas só a Globo tem cacife hoje para assumir um acordo do porte do da Warner. Para as demais, não é vantajoso, o custo não compensa a receita, uma vez que não entregam tanta audiência quanto a Globo e assim não conseguem valorizar suficientemente seus intervalos comerciais. 

Depois de um período de relativa "democratização" do cinema na TV, em que o SBT tinha Warner e Disney e a Record, a Universal Studios, a Globo volta a dominar. No final deste ano, acaba o último acordo de exclusividade fora da Globo: a Record não irá renovar com a Universal nas mesmas bases atuais. Só vai dar Globo.


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