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POLÍCIA FEDERAL

Filme nacional mais visto do ano tem investidores secretos e sessão para Moro

Fotos: Divulgação/Agência Febre

Cena de Polícia Federal: Flávia Alessandra, Rainer Cadete e Antonio Calloni atuam no longa - Fotos: Divulgação/Agência Febre

Cena de Polícia Federal: Flávia Alessandra, Rainer Cadete e Antonio Calloni atuam no longa

LUCIANO GUARALDO

Publicado em 30/11/2017 - 6h12

Filme nacional mais visto de 2017, com 1,3 milhão de espectadores nos cinemas, Polícia Federal: A Lei É para Todos levou para as telonas a história da Operação Lava Jato. Misturando personagens da vida real com outros criados especialmente para a obra, o longa fez sucesso e arrecadou R$ 19 milhões.

Os bastidores da produção são tão movimentados quanto a operação que a inspirou. Sem utilizar nenhum recurso público, o filme teve 25 investidores, que tiveram seus nomes mantidos em sigilo. A Polícia Federal também apoiou o projeto, prestando consultoria à equipe e até emprestando cenários.

Nos bastidores, a produção ficou a cargo de Tomislav Blazic, que tem pedigree no cinema brasileiro: ele é sobrinho do diretor de vários longas dos Trapalhões. E, como a investigação da corrupção não para, a equipe já trabalha com a hipótese de fazer uma trilogia.

Em agosto, a pré-estreia de Polícia Federal foi feita para agradar aos envolvidos na Lava Jato: uma sessão especial em Curitiba contou com a presença do juiz Sergio Moro, que no longa é interpretado por Marcelo Serrado, além de outros figurões da Lava Jato.

Confira cinco bastidores de Polícia Federal, que estreia como pré-lançamento nesta quinta-feira (30) no Now, plataforma de vídeo sob demanda das operadoras Net e Claro. O longa está disponível para locação por R$ 16,90.

Elenco tem Bruce Gomlevsky e Antonio Calloni, mas financiadores são mantidos em sigilo

Quem está por trás?
O orçamento de R$ 16 milhões de Polícia Federal: A Lei É para Todos é considerado elevado para o padrão do cinema brasileiro _o controverso Chatô, o Rei do Brasil, por exemplo, custou R$ 8,6 milhões. Ao contrário do enrolado longa de Guilherme Fontes, porém, Polícia Federal não recebeu um único centavo de recursos incentivados.

Os investidores, em torno de 25, são empresários que não tiveram seus nomes divulgados. Segundo o produtor Tomislav Blazic, o sigilo foi mantido a pedido dos próprios milionários, para evitar controvérsias com a "patrulha ideológica".

Polícia Federal prestou consultoria para atores do filme, como João Baldasserini (ao centro)

Apoio importante
Uma parceria inédita foi estabelecida entre a Polícia Federal da vida real e a da ficção: roteiristas, produtores e atores do longa tiveram a oportunidade de conversar com agentes e delegados da PF que participaram da Operação Lava Jato, numa espécie de consultoria.

A organização também emprestou armas, uniformes, carros e até helicópteros e aviões para a equipe. Além disso, a sede da Polícia Federal em Curitiba serviu de cenário para o filme: para uma das gravações, o expediente da instituição foi cancelado em plena sexta-feira.

O produtor Tomislav Blazic (ao microfone) durante coletiva de imprensa de Polícia Federal

Sangue trapalhão
Produtor do longa, Tomislav Blazic é sobrinho do cineasta croata J.B. Tanko (1906-1993), que se radicou no Brasil após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e dirigiu alguns dos principais filmes do quarteto Os Trapalhões. O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão (1977), sétimo filme mais visto do cinema nacional, é de Tanko, que também assina outros quatro dos 20 longas com maior público.

Blazic cresceu acompanhando o trabalho do tio e até trabalhou na produtora dele, a J.B. Tanko Filmes, ajudando na produção de vários longas da trupe. Acostumado a fazer comédias, ele mudou de tom ao perceber a seriedade da Lava Jato. Em novembro do ano passado, durante as filmagens, alegou que chegou a sofrer ameaças por causa do filme.

Sergio Moro (com a mulher, Rosângela) durante a pré-estreia especial do filme em Curitiba

Sessão para Moro
Geralmente, filmes nacionais são lançados com sessões especiais em São Paulo e no Rio de Janeiro. Polícia Federal decidiu inovar com a pré-estreia em Curitiba, centro de operações da Lava Jato. À sessão, compareceram nomes de peso, como os juízes Sergio Moro e Marcelo Bretas e o procurador Deltan Dallagnol.

Assim que chegou ao cinema, Moro foi aplaudido pelo público. Após o fim do filme, porém, ele não quis comentar o que achou da produção _na obra, o juiz é interpretado por Marcelo Serrado, que chegou a declarar que viver Moro "era como se estivesse na pele de um super-herói". Depois, no Conversa com Bial, voltou atrás: "Ele não é herói ou vilão, só está tentando fazer o trabalho dele".

Marcelo Serrado (ao centro) em cena de Polícia Federal: ator não voltará para as sequências

Um não é o bastante
Como a Operação Lava Jato ainda parece longe de chegar ao fim, Tomislav Blazic e o diretor Marcelo Antunez já planejam mais dois filmes para fechar uma trilogia de Polícia Federal. Mas não descartam a possibilidade de fazer a franquia render ainda mais longas. "Enquanto a Lava-Jato for assunto e o povo estiver gostando, a gente vai contando essa história", declarou Antunez na entrevista coletiva de lançamento do filme.

Os próximos filmes, porém, terão um desfalque importante: Marcelo Serrado declarou à revista GQ que não quer interpretar Moro novamente. "Gostei do filme e admiro o trabalho de Moro, mas agora quero fazer outras coisas. Já fiz minha parte. Vou continuar a discutir política, mas nos bastidores", disse.

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