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BASTIDORES

Diretores da Band têm discussão ríspida e travam guerra por Bolsonaro

REPRODUÇÃO/YOUTUBE/BAND

Vildomar Batista em entrevista para programa no YouTube em novembro de 2019; Rodolfo Schneider durante comentário para o Jornal da Band em abril de 2019

Os diretores Vildomar Batista e Rodolfo Schneider tiveram discussão ríspida por causa de Bolsonaro

DANIEL CASTRO

dcastro@noticiasdatv.com

Publicado em 16/5/2020 - 5h47

A semana começou quente na Band. Logo nas primeiras horas da segunda-feira (11), três importantes diretores da emissora se viram numa guerra de bastidores por causa do assunto do dia do programa Aqui na Band: "Quem mandou matar Jair Bolsonaro?". Fernando Mitre e Rodolfo Schneider, respectivamente diretor nacional e diretor executivo de Jornalismo, tiveram por telefone discussões ríspidas com Vildomar Batista, diretor do Aqui na Band.

A Band confirma que houve um "mal-estar" entre os diretores e, por meio de seu diretor de Comunicação, Caio Luiz de Carvalho, disse que o material exibido "não condiz com a linha editorial do grupo" e não foi submetido, como deveria, à prévia apreciação do departamento de Jornalismo.

Para Rodolfo Schneider, a pergunta "Quem mandou matar Bolsonaro?" não faz o menor sentido porque a Polícia Federal já concluiu que não houve mandante. Além disso, faltou isenção e equilíbrio. O "debate" só tinha convidados que comungam da "narrativa do presidente": o senador Major Olímpio, o advogado Frederick Wassef (defensor de Bolsonaro), o criminalista Marcelo Knopfelmacher e o psicólogo Jacob Pinheiro Goldberg.

Todos contribuíram para a teoria da conspiração de que Bolsonaro foi vítima de um "atentado". O advogado do presidente sugeriu que a facada de Adélio Bispo foi um "complô" do PT para eleger Fernando Haddad.

Logo após o final do Aqui na Band, Vildomar Batista reclamou ao diretor de programação, Antônio Zimmerle, que a ligação de Rodolfo Schneider foi "invasiva", uma "interferência" do Jornalismo no Entretenimento. Depois do telefonema de Schneider, ele apagou a frase "quem mandou matar Bolsonaro" do gerador de caracteres e do cenário do programa.

Nos bastidores, Batista apontou a existência de uma "guerra de egos" devido ao "sucesso" de seu programa. De fato, o Aqui na Band passa por um bom momento. Foi a atração da Band que mais cresceu na pandemia. Há quase um ano no ar, elevou a audiência de sua faixa de 0,8 para 1,2 ponto na Grande São Paulo --parece pouco, mas é um crescimento de 50%. E está faturando bem, apesar da crise, oscilando entre seis e oito ações de merchandising por dia.

Diretor tem histórico de atritos

Os atritos de Vildomar Batista e o Jornalismo vêm desde antes da estreia do Aqui na Band, em 27 de maio do ano passado. Batista (que também teve conflitos com o Jornalismo na Record) foi contratado no final de 2018 para implantar o projeto Manhã Band, que também incluía os telejornais apresentados por Joel Datena. Os jornalistas não gostaram de ver um "profissional do entretenimento" fazendo jornalismo, e Batista acabou ficando só com o Aqui na Band.

A edição do "quem mandou matar Bolsonaro?" escancarou atritos que passaram a ser mais comuns desde que o Aqui na Band passou a investir em "assuntos polêmicos" e adotou uma linha editorial mais à direita do que a da própria Band, o que chegou a triplicar sua audiência. Não foi a primeira vez que o Jornalismo tentou vetar temas e convidados no Aqui na Band.

A atração comandada por Batista, por ser um programa de entretenimento, tem mais liberdade, pode ser mais agressiva na luta pela audiência. Mas o que tem incomodado os jornalistas da casa é seu alinhamento ao bolsonarismo, abrindo espaço frequente para políticos como Major Olímpio, Joice Hasselmann e Carla Zambelli, sem um contraponto de vozes da esquerda. Isso atrapalha o trabalho dos jornalistas. "Mancha a reputação da Band", dizem eles.

A "guerra ideológica", embora os envolvidos neguem, tem sim um componente de vaidade. O Aqui na Band tem dado o que falar, está crescendo e tem o prestígio do presidente da República, que já entrou ao vivo duas vezes por telefone. Numa emissora com forte tradição jornalística, isso incomoda.

O episódio do "quem matou?" rachou a emissora. Teve jornalista que comemorou uma nota zero da colunista Patrícia Kogut, de O Globo, dizendo que o debate sobre o atentado a Bolsonaro foi "surreal" e "um papelão". No Instagram, o apresentador Luís Ernesto Lacombe reclamou de falta de união.

"O Aqui na Band, que ainda não completou um ano, quadruplicou nesse período a audiência da Band no horário. É um sucesso comercial, nas redes sociais, chegando a 400 mil inscritos no YouTube... E, qualquer hora, todos entenderão que uma emissora de TV é uma corrente, e cada programa é um dos elos", cutucou.

Confira o post:

Veja a primeira parte do vídeo do Aqui na Band de segunda (11):


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