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MORTA-VIVA

Especialista revela erro no coma de Clarice em Cara e Coragem; entenda condição

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Taís Araujo, caracterizada como Clarice, está deitada em um leito hospitalar, com os olhos fechados e o semblante sereno em cena de Cara e Coragem

Clarice (Taís Araujo) em Cara e Coragem; trama errou ao usar coma para resolver mistério

SABRINA CASTRO

sabrina@noticiasdatv.com

Publicado em 30/9/2022 - 6h20

O retorno de Clarice (Taís Araujo) prometeu agitar Cara e Coragem, embora a empresária não tenha movido muitos músculos desde que sua morte foi desmentida. Uma porção de flashbacks e pequenas interações com Luana (Gabriela Loran) alimentaram o mistério da novela das sete da Globo, e ficou por isso mesmo. Esses momentos lúcidos, no entanto, seriam impossíveis na vida real. Os comas profundos, como o da personagem, não permitem lembranças complexas, nem sonhos, muito menos interações.

"O coma é, por definição, uma alteração do nível de consciência. A pessoa que está em coma não está consciente do que está acontecendo ao redor. Mais recentemente, provou-se que existe um estado de consciência mínimo dependendo do grau de coma. Mas são pensamentos que não têm um conteúdo complexo. O paciente pode lembrar de algum resquício de conversa ou coisa assim, mas não há um raciocínio por trás disso", explica Michel Elyas Jung Haziot, médico neurologista, em entrevista ao Notícias da TV.

Na maioria dos casos, nem as interações mais simples são possíveis. As cenas clássicas em que o paciente, no leito hospitalar, aperta a mão de um amigo ou parente para dar sinal de vida são muito raras. Quase impossíveis em comas provocados por medicamentos ou substâncias, como no caso da herdeira da Siderúrgica Gusmão. Inconsciente, a pessoa não consegue processar os estímulos externos. Quanto mais responder a eles.

Se o folhetim seguisse a vida real, a personagem também deveria estar intubada. Na maioria das vezes, o coma impede que a pessoa "lembre" de respirar de forma espontânea. A escolha pode ter sido estética, uma vez que os tubos e ventiladores mecânicos e perfurações podem assustar o espectador. Cenas assim dimensionariam a gravidade da situação em que a personagem está inserida.

Ainda assim, a reversão deste quadro é possível. "Basta que o efeito do remédio no sistema nervoso central acabe. Com isso, o nível de consciência volta ao normal, e a pessoa sai do coma. Depende muito da quantidade de droga que a pessoa foi exposta", completa o especialista.

O coma causa sequelas?

Um exemplo do uso controlado do coma são as anestesias. Basicamente, são administradas drogas que afetam o sistema nervoso o suficiente para gerar o coma durante uma determinada quantidade de horas.

No sentido contrário, existem os conhecidos "comas alcóolicos" --quando a pessoa ingere tanto álcool que o sistema nervoso pifa. Ou as tentativas de suicídio, em que a pessoa ingere grandes quantidades de medicamentos diazepínicos, como os famosos "tarjas pretas", para tentarem desligar o sistema nervoso de vez.

Nesses casos, a situação pode chegar até o nível três da escala de Glasgow, que dimensiona a profundidade do coma. A pontuação mínima (três pontos) é dada quando o paciente não responde a nenhum estímulo (coma profundo), e a máxima (15 pontos), em pacientes que não apresentam alteração alguma em seu estado de consciência.

Clarice (Taís Araujo) reage às notícias dadas por Luana (Gabriela Loran); na vida real, isso seria impossível

Clarice reage às notícias dadas por Luana

Mas essas não são as únicas causas possíveis. Qualquer doença que atinja o sistema nervoso central pode causar um coma. Traumatismos cranianos, tumores cerebrais e distúrbios metabólicos (hipoglicemia, hipotireoidismo grave, insuficiência renal e hepática) também podem levar a esses casos.

No entanto, é importante diferenciar o coma de outras situações semelhantes, como a morte encefálica, o estado vegetativo persistente e a catatonia --todos irreversíveis.

A causa do coma e a velocidade em que ele é revertido também são preponderantes para possíveis sequelas. Afinal, tudo depende do rastro de destruição no sistema nervoso central. Problemas motores, sensitivos, cognitivos, convulsivos ou até comportamentais podem aparecer.

Outra questão --especialmente relevante no caso de Clarice-- é que a maioria dos medicamentos que levam ao coma tem um efeito amnésico. "A pessoa não lembra nada do período em que esteve em coma. Muitas vezes, a pessoa pode esquecer um bom período de antes de tomar a droga. Mas são horas ou minutos, não uma parte imensa da vida da pessoa", define Haziot.

A questão é que muitos acontecimentos relevantes podem ter perturbado o mistério da protagonista nas horas que antecederam o crime. Basta ver como Claudia Souto contornará a amnésia --isto é, se ela lembrar disso. Talvez a autora escolha ignorar, como fez com a intubação.

Cara e Coragem é uma novela escrita por Claudia Souto, a mesma autora de Pega Pega (2017). Com direção artística de Natalia Grimberg, o folhetim aborda o universo dos dublês e será substituído por Vai na Fé, trama de autoria de Rosane Svartman.

Confira os resumos da novela das sete da Globo que o Notícias da TV publica diariamente.


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