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MARCÍLIO MORAES

Encostado na Record, autor desabafa: 'Como não faço Bíblia, não tenho espaço'

Reprodução/TV Brasil

Marcílio Moraes durante entrevista ao Ver TV, da TV Brasil: falta espaço na grade da Record - Reprodução/TV Brasil

Marcílio Moraes durante entrevista ao Ver TV, da TV Brasil: falta espaço na grade da Record

LUCIANO GUARALDO

Publicado em 5/12/2017 - 6h02

Contratado da Record há quase 13 anos, Marcílio Moraes não emplaca uma novela desde 2010, quando escreveu Ribeirão do Tempo. Nos últimos sete anos, fez apenas as séries Fora de Controle (2012) e Plano Alto (2014), que juntas tiveram 16 episódios. Ele apresenta projetos, mas nenhum é aprovado. "Como não faço Bíblia, não tenho espaço", desabafa.

O autor de 73 anos se refere à estratégia da Record de investir em novelas bíblicas para seu horário mais nobre. Sem perfis para escrever obras religiosas, autores como Lauro César Muniz e Carlos Lombardi já deixaram a emissora. Moraes, que ainda tem um ano de contrato pela frente, conta que suas sinopses foram todas para a gaveta.

"Eu escrevi a segunda temporada de Plano Alto, mas alegaram que não tinham dinheiro para produzir. Também apresentei o projeto de uma minissérie sobre Martinho Lutero [1483-1546], cujo manifesto da Reforma Protestante completou 500 anos em 2017, mas não foi para a frente", lembra.

Marcílio também entregou sinopses de novelas para a Record, para o horário não-bíblico, atualmente ocupado por Belaventura. Uma delas foi cogitada para substituir a trama medieval, mas a direção optou por uma obra de Cristianne Fridman, com título provisório de Rosa Choque.

"Eu tenho uma cláusula de confidencialidade no meu contrato, então não posso falar sobre as sinopses. Dizem para mim que não é o momento de produzir meu texto, que não é adequado, que eles não têm dinheiro", relata.

Autor de Sonho Meu (1993) e Vidas Opostas (2006), além de colaborador em sucessos como Irmãos Coragem (1995) e Mandala (1987), Moraes acredita que perdeu seu espaço por causa das mudanças sofridas no núcleo de dramaturgia da Record. "A orientação lá hoje é diferente. Acho que, como só faço os meus projetos e não o dos outros, bato de frente com o que a emissora deseja", explica.

A audiência de seus trabalhos não parece ser um problema para o autor. A reprise vespertina de Ribeirão do Tempo aparece frequentemente entre os programas mais vistos da emissora, à frente até da inédita Belaventura e do fenômeno Os Dez Mandamentos, exibido em horário mais nobre.

"Eu acompanho as notícias, a novela está indo bem. É a reprise que dá mais audiência, tem lugares no PNT [Painel Nacional de Televisão] que chega a bater a Globo. Acho estranho que mesmo com esse sucesso eu não tenha espaço com uma novela inédita", ressalta.

Enquanto espera (sentado) o chamado para escrever para a Record, Marcílio trabalha em outras frentes: no início deste ano, foi lançado o filme O Crime na Gávea, roteirizado por ele. Também prepara um livro, que deve chegar às lojas em março. "É um romance, mas fala também dos bastidores da TV", adianta.

Marcílio também lamenta que autores como ele, Lombardi e Muniz estejam fora do ar. "É uma pena, porque a gente precisa de mais dramaturgia, acho que não dá para depender só da Globo. Se tivermos mais opções todo mundo ganha: autores, atores, diretores, jornalistas, público..."

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