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Vida em branco

Em ano de Copa, Globo esconde única repórter negra do Esporte na madrugada

Reprodução/TV Globo

Camila Silva em reportagem sobre crime em padaria no Morumbi exibida no Bom Dia São Paulo de quinta - Reprodução/TV Globo

Camila Silva em reportagem sobre crime em padaria no Morumbi exibida no Bom Dia São Paulo de quinta

DANIEL CASTRO

Publicado em 22/5/2018 - 5h34

Única repórter negra da área de Esportes da Globo em São Paulo, Camila Silva foi temporariamente transferida para a cobertura de crimes e tragédias da madrugada em pleno ano de Copa do Mundo e numa época em que a representatividade é cada vez mais cobrada, como ocorreu recentemente com a novela Segundo Sol

Nos bastidores da Globo, a movimentação é atribuída à promoção da apresentadora Mari Palma para o departamento de Esportes, que desde 2016 é separado do Jornalismo. Mari é uma das maiores apostas da emissora na cobertura da Copa do Mundo da Rússia.

Para abrir vaga para Mari no Esporte, Camila teria sido deslocada para o time de repórteres do Bom Dia São Paulo. A Globo nega. Diz que não há relação na dança das cadeiras. A emissora confirma que a passagem de Camila pelo Jornalismo "não é definitiva".

Camila vinha fazendo sucesso com textos leves sobre futebol. Estreou no Globo Esporte SP no final de 2016, no lugar de Natalie Gedra, e cobria o dia a dia dos grandes clubes da capital. Antes, ela trabalhou na Globo News, no Rio de Janeiro, como produtora do talk show Estúdio I, apresentado por Maria Beltrão.

A saída de Camila Silva deixou profissionais do Esporte desapontados. Ela era querida no departamento e agradava com suas reportagens informais, dentro da nova orientação que a Globo vem buscando imprimir.

Camila se despediu da cobertura esportiva em 21 de março com um texto no Instagram em que associava sua passagem pela área ao "sonho" interrompido do goleiro Paes, negro e de origem humilde como ela, que na véspera tomou um gol numa falha incrível e viu seu time, o São Caetano, ser desclassificado no Campeonato Paulista pelo São Paulo.

"Passar pelo Esporte foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida pra eu entender o quanto amo o Jornalismo, como ele funciona, qual a minha função no mundo e como posso desempenhar meu papel sem passar pela vida em branco e sem perder _na automatização do dia a dia_ a empatia", escreveu na rede social. "Não foi um dia leve mas ninguém falou que só ia ser", finalizou.

Nos bastidores, o desabafo de Camila foi interpretado como uma manifestação de que ela deixou a área de Esportes a contragosto, e a suspeita de que teria sido transferida para as madrugadas para que pudessem encaixar Mari Palma no projeto da Copa deixou alguns jornalistas revoltados.

Camila saiu de férias dois dias depois e voltou no final de abril, como repórter do Bom Dia São Paulo. No Instagram, registrou o momento com uma foto em que aparece, às 5h29 da manhã, ao lado de quatro profissionais, três deles negros. Marcou o post com as hashtags #vidainteligentenamadrugada, #novosrumos e #outroshorizontes.

Na madrugada, Camila cobre de tudo, principalmente casos policiais. Trabalhou na apuração do incêndio e desabamento de um edifício no centro de São Paulo, no início do mês, o que lhe rendeu espaço no Jornal Nacional e elogios de seus chefes.

Assim como Camila no Jornalismo, a passagem de Mari pelo Esporte também deve ser temporária. Ela irá fazer reportagens e boletins durante a Copa do Mundo. Será a "novidade" da emissora no Mundial da Rússia.

Mari conquistou fãs dentro e fora da emissora ao apresentar boletins de um minuto durante a programação matinal. Arrojada, piercing no nariz e camisetas com referências à cultura pop, ela modernizou a imagem dos apresentadores da Globo e passou a ser testada em reportagens especiais do Bem Estar e do Fantástico.


Colaborou GABRIEL SOUZA

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