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Análise | Série do SBT

A Garota da Moto parece novela ruim dos anos 1990: Não assista

Reprodução/SBT

A atriz Christiana Ubach em cena do primeiro episódio de A Garota da Moto, nova série do SBT - Reprodução/SBT

A atriz Christiana Ubach em cena do primeiro episódio de A Garota da Moto, nova série do SBT

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 16/7/2016 - 7h41

A estreia da semana do SBT, A Garota da Moto, uma coprodução com a Fox, bate de frente com o principal produto da televisão brasileira, a novela das nove da Globo, Velho Chico. Só por isso era de se esperar uma atração de qualidade, capaz de concorrer de igual para igual com o folhetim de Benedito Ruy Barbosa. Mas a ousadia da série para por aí.

Ainda que A Garota da Moto seja um respiro à temática infantil habitual na teledramaturgia do SBT, a série peca por ser rasa demais. Em um roteiro calcado basicamente no didatismo, nada envolvente, falta espaço para aprofundar as personagens. O que sobra é uma profusão de clichês: os motoboys caricatos, o maniqueísmo vilã x mocinha, núcleo de humor bobinho. Características que fazem com que a série se pareça com novela ruim dos anos 1990.

Joana (Christiana Ubach) é uma garota em constante fuga para proteger sua vida e a do filho, Nico (Enzo Barone). A história começa quando a casa da protagonista no Rio de Janeiro é invadida por bandidos e, depois de uma luta surreal de fazer inveja a Daniel San, Rocky Balboa ou qualquer outro personagem de filme do gênero, ela e o garoto conseguem escapar de moto.

Corta então para Joana em um fundo genérico, no qual ela olha fixamente para a câmera e começa a narrar sua história. Mais didático do que isso só se colocassem legenda. A história volta para 2007, ano em que ela conhece Duda (Tatsu Carvalho). Momentos depois é a hora de conhecer Bernarda (Daniela Escobar), no mesmo fundo genérico em que Joana se apresentou. A impressão que se tem é a de que faltou verba para desenvolver a história em cenários e situações diversas, e o jeito foi colocar as atrizes em estúdio mesmo. Descobre-se aí que Duda é casado com Bernarda, mas pulou a cerca com Joana.

A insistência de apresentar a história entrecortada com os depoimentos de Joana e Bernarda deixou a série enfadonha. Faltou profundidade e nuances no roteiro, que também não fez questão nenhuma de primar por sutilezas: com a mesma rapidez que Joana anuncia a gravidez, Duda é envenenado e cai estrebuchando no chão, numa cena para lá de manjada.

O tempo passa e Joana e o filho agora moram em São Paulo, onde ela trabalha como motogirl. A direção chapada de João Daniel Tikhomiroff não contribui em nada e faz parecer que a série é um grande comercial de motos, haja vista as inúmeras e longuíssimas tomadas de Joana e seus amigos motoboys pilotando pela cidade.

Com a estranha tarefa de ir buscar uma ossada em um cemitério, Joana cai em uma emboscada e tem sua moto roubada. Em vez de ir à polícia dar parte do roubo, ela recolhe aos ossos caídos na rua, pega carona em um caminhão de lixo e vai fazer a entrega. Chega então à casa de Laura (Agnes Zuliani), a quem, mesmo sem conhecer, conta toda a história de sua vida, em uma intimidade difícil de engolir. Pouco depois, o público descobre uma ligação de parentesco entre Laura e Duda. Coincidência pouca é bobagem. 

Por se tratar de uma série de "suspense", A Garota da Moto poderia muito bem deixar mais espaço para o telespectador tirar suas próprias conclusões e, assim, ser surpreendido (ou não) no decorrer da história. Mas ela é previsível. Para se ter uma ideia, o melhor da produção é o garoto Enzo Barone. A sina do SBT é mesmo a de garimpar talentos mirins.

A Garota da Moto vale mais pela movimentação do mercado audiovisual do que pela narrativa. Não apresenta nada novo. Nesse ponto, até as novelas bíblicas da Record fazem melhor. A série é ruim mesmo, não assista.  


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